“Estiloso e deliciosamente divertido, filme reverencia grandes obras literárias de mistério e aponta para novos caminhos”
O excelente diretor e roteirista Rian Johnson, mais conhecido por Looper: Assassinos do Futuro (2012) e Star Wars: Os Últimos Jedi (2017), embebido pela literatura de Agatha Christie, Sidney Sheldon, Arthur Conan Doyle e Edgar Allan Poe, conseguiu a proeza de produzir um dos melhores roteiros do gênero para o cinema.
O roteiro em questão, única indicação desse filme ao Oscar, é tão bem escrito que consegue amarrar uma história com no mínimo dez personagens principais em uma trama intricada, que surpreende pela engenhosidade e foge de inúmeros clichês ao optar por não guardar nenhum segredo do público.
O riquíssimo patriarca da família Thrombey, após comemorar seu 85º aniversário com seus filhos, netos e noras é encontrado morto na manhã seguinte em seu quarto. A medida em que a polícia vai interrogando todos que estavam presentes na residência, acompanhamos atônitos as diferenças entre os fatos revelados em flashbacks, e as mentiras que os interrogados proferem.
Sendo assim, quem é o assassino, qual o motivo e como o crime aconteceu, são questões que não tardam a se revelar ao público. Ao contrário de outras produções do gênero, o roteiro se livra dessas já cansadas e batidas narrativas, e passa a examinar as dinâmicas envolvendo as relações entre os pitorescos personagens, lidando com seus interesses escusos diante da tragédia familiar e foca em responder outras questões como: Quem contratou o melhor detetive particular do mundo pra auxiliar na investigação? Como o(a) assassino(a) fará para tentar não ser descoberto(a)?
Contando com um elenco de grandes astros como Daniel Craig , Michael Shannon , Jamie Lee Curtis, dentre outros, o diretor conseguiu fazer com que todos os envolvidos no projeto demonstrassem, além de muita competência, um imenso prazer em estar ali defendendo seus papeis.
Todo o trabalho dos atores seria em vão se a mise-em-scène não fosse tão perfeccionista. Cada cenário, iluminação, figurino, maquiagem e o posicionamento estudado dos atores em cada plano, embalados por uma pungente trilha sonora de música clássica, são um deleite para os sentidos mais apurados.
O diretor brinca com variados e certeiros movimentos de câmera, usando bastante travellings, slow motion, wide shots, dando preferência ao ângulo horizontal frontal, que aliado a uma edição com cortes que parecem estar sempre um pouco acima do tempo esperado, acabam rendendo ótimas piadas e valorizando bastante os elementos que estão fora do campo de visão.
Os filmes de mistério investigativo neste formato, tiveram seu auge na década de setenta, quando foram produzidas várias adaptações como os ótimos Assassinato no Expresso Oriente (1974) e Morte Sobre o Nilo (1978), e embora o diretor inglês Kenneth Branagh tenha levado às telas seu projeto de revitalizar o gênero realizando refilmagens dos citados filmes – o primeiro saiu em 2017 e o segundo previsto para 2020, respectivamente -, Entre Facas e Segredos chega para injetar real frescor e novas perspectivas, subvertendo o formato antigo de sucesso pelo bem e pela sobrevivência do próprio gênero.
NOTA: 9.0
NOTA DOS REDATORES:
EDUARDO SALVALAIO: –
ISAAC LIMA: –
LUCIANO FERREIRA: 8.0
MARCELLO ALMEIDA: –
MÉDIA: 8.5
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:: FICHA TÉCNICA:
Gênero: Comédia, Crime, Drama
País: EUA
Duração: 2h14min
Direção: Rian Johnson
Roteiro: Rian Johnson
Elenco: Daniel Craig, Chris Evans, Ana de Armas e outros.
Data de Lançamento: 28 de novembro de 2019 (Brasil)
Censura: 14 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes
:: Assista abaixo ao trailer:
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