Baseado no livro The Snowman, do escritor norueguês Jo Nesbø, Boneco De Neve é um filme que começa despertando a atenção do espectador por vários motivos: o elenco de atores conhecidos (Michael Fassbender, Charlote Gainsbourgh, Val Kilmer e J.K. Simmons), a direção do sueco Tomas Alfredson* (Deixe Ela Entrar e O Espião Que Sabia Demais), e a trama envolvendo uma mistura de Policial e Suspense que traz muito do cinema 80’s/90’s.
A paisagem gélida de Oslo também é um convite, casa com a ambientação do cinema europeu. O cenário tomado pela neve é um bom pano de fundo para o comportamento frio de alguns personagens, a exemplo do serial killer meticuloso que ao escolher suas vítimas deixa um boneco de neve e uma mensagem escrita.
Harry Hole (Michael Fassbender) é outro personagem importante. Embora totalmente dedicado aos casos, Harry prefere a solidão, se entrega ao alcoolismo e ainda sente-se desolado pela separação da esposa Katrine (Charlote Gainsburg). Além disso, precisa se aproximar mais do filho que geralmente está distante. Em forma de flashbacks, o filme ainda acompanha a história de Gert Rafto (Val Kilmer), outro policial em constante conflito consigo mesmo, .
A trama revela que esse é um caso antigo. A narrativa se interliga entre passado e presente, apresentando outros personagens e algumas possíveis pistas sobre o assassino. A variação de personagens colabora no clima de Suspense ao deixar o espectador na dúvida e indicar que qualquer um pode ser suspeito. Pistas são entregues, porém muitas delas podem ser falsas. É nesse ponto que a narrativa encontra seu charme.
A trilha sonora, apesar de discreta, é competente e equilibrada entre peças sutilmente orquestradas e faixas ligadas a grandes nomes da música como Massive Attack e Sigur Rós. Tudo encaixado em cenas tensas ou então melancólicas. A fotografia ganha algum destaque sobretudo em cenas noturnas pela cidade, muitas vezes garantindo um tom noir a trama.
O filme tem seus lados negativos, alguns cortes são abruptos demais, tirando um pouco o clímax da trama. Certas cenas acabam soltas, não desenvolvem tanto o mistério e parecem encaixadas mais para alongar a narrativa ou para dar mais construção emocional ao personagem Harry Hole.
A cena final poderia ser melhor trabalhada, considerando que o vilão usou de todo requinte e discrição para matar sua vítimas. No final, o assassino se mostra mais estúpido do que cauteloso e inteligente. Na falta de um desfecho mais elaborado, a tensão do longa acaba frustrante quebrando o ritmo do Suspense.
Boneco de Neve enfrentou uma série problemas para sua produção. Val Kilmer teve problemas com a voz, por conta do câncer de garganta; por diversas vezes a produção parou devido a alguns obstáculos externos ou de locação; o diretor alegou que o tempo de filmagem foi muito curto. Por conta desses problemas, o filme demonstra ter sofrido para ser finalizado. E, para piorar, o filme não rendeu o tanto que foi gasto, e pode até ser incluído como uma das produções menos aclamadas da carreira do diretor.
+++ Leia a crítica de ‘O Chalé’, de Veronika Franz e Severin Fiala
Produzido nesse estado de pressa extrema, Boneco de Neve não representa a magia da direção de Alfredson, embora não seja um desastre total. É um filme de proposta interessante, com vários aspectos que podem fisgar o espectador, embora não funcione perfeitamente como um todo. Vai agradar mais aos saudosistas do gênero Suspense/Policial, cinéfilos dos tempos de filmes alugados em locadora, bem típicos de um final de semana.
FICHA TÉCNICA:
Gênero: Thriller Policial, Suspense
País: Reino Unido
Duração: 1h59min
Direção: Tomas Alfredson
Roteiro: Peter Straughan, Hossein Amini, Søren Sveistrup, baseado no romance de Jo Nesbø
Elenco: Michael Fassbender (Harry Hole), Rebecca Ferguson (Katrine Bratt), Chloë Sevigny (Sylvia Ottersen/Ane Pedersen), Charlotte Gainsbourg (Rakel), J.K. Simmons (Arve Stop), Val Kilmer (Rafto) e outros
Data de lançamento: 23 de Novembro de 2017 (Brasil)
Censura: 16 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes
No Comment