CRÍTICA | Dehd – Flower of Devotion


Dehd Band Photo

Dehd soa arejado e generoso com total confiança e segurança. Compondo canções que refletem sobre o tempo e espaço, solidão e isolamento.

Formado por Emily Kempt, Jason Balla e Eric McGrady, o trio de Chicago apresenta seu mais novo disco de estúdio, o terceiro em sua discografia, para ser mais exato. Flower Of Devotion chega quase de forma prematura, apenas um ano após seu antecessor Water, de 2019.

Dehd vem seguindo um caminho de composições cada vez mais seguras e “maduras”. Pode se dizer que o novo álbum cria uma espécie de devoção ao grande estilo Rock ‘n’Roll, numa celebração ao caminho das boas músicas. Influências oriundas de bandas como The Jesus And Mary Chain. É formidável como o trio consegue extrair os melhores elementos do Indie Rock, Dream Pop e do Rock Alternativo e soar autêntico e enérgico, trazendo identidade para sua música.

A atmosfera do disco possui acordes magnéticos que agem de forma crescente e fazem as canções alcançarem um alto nível. São canções engatadas por ótimos vocais, guitarras e bateria. O clima do álbum é atraente, existe uma conexão entre letras e riffs de guitarras, e tudo se encaixa de forma simétrica. O que nos leva a seguinte conclusão: se no disco anterior eles eram bons em criar canções ganchosas, aqui eles literalmente aprimoram sua sonoridade, com elementos de sobra para levar a banda direto para o mainstream.

O grupo se abastece de momentos nostálgicos e flerta com desilusões amorosas para dissertar sobre sentimentos e emoções um tanto pessoais. Aquele velho poder do eu lírico.

E é algo que cresce e se aprofunda com os vocais compartilhados entre Kempt e Balla, que deixa transparecer nas entrelinhas um certo sentimento e química, que trazem para as canções o lado humano e isso se encaixa perfeitamente na atmosfera do álbum.

Elementos que se destacam em canções como “Desire”, faixa que abre o disco com versos feitos para ficarem rodando por horas e horas na cabeça. O uso da licença poética aqui funciona como um canal para sintonizar os mais distintos sentimentos envolvendo relações amorosas e desilusões, algo no estilo do romance Alta Fidelidade, de Nick Hornby . E para manter o gancho de emoções, na sequencia temos a ótima “Loner” com guitarras e vocais em perfeita harmonia. Uma música sobre a solidão e os efeitos que ela provoca com o decorrer do tempo. Bem pertinente para esse momento pelo qual estamos passando.

Flower Of Devotion pode ser nomeado como um disco que semeia inspiração sobre a vida e as relações que construímos com o passar do tempo e a forma como a gente vai se modificando, se reinventando ao envelhecer. Algo sobre as percepções de vida, de olhar para trás e perceber o quanto amadurecemos e o quanto ainda carregamos de espirito juvenil. São reflexões que “Month”, em pouco mais de três minutos, consegue nos fazer viajar por toda a vida.

Apesar do teor pop das treze canções, elas não perdem o peso e a vitalidade do alternativo. Vocais potentes e certeiros que rimam com as melodias, ótimas composições e guitarras grudentas.

A banda também transita pelo Shoegaze e Surf Rock, onde eles dissertam sobre o preto e branco do amor. Isso já fica evidente com a bela capa do disco com duas máscaras que serve de abridor para sentimento de desespero e comédia. Um misto de sentimentos que nos seguem pela vida. Sim! O Dehd também vai fazer você lembrar de Joy Divison e as composições bucólicas de Ian Curtis.

Um disco bem produzido, onde a banda encontrou o equilíbrio em suas composições. Algo que o torna mais limpo que o disco anterior e mostra que trio possui talento e vem buscando seu espaço no alternativo.

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Dehd - Flowers of Devotion Cover

INFORMAÇÕES:

LANÇAMENTO: 17/07/2020
GRAVADORA: Fire Talk Records
FAIXAS: 13
TEMPO: 38’26”
DESTAQUES:  “Desire”, “Loner” e “Flying”
PARA FÃS DE: DIY, Lo-Fi, Indie-Rock

 

 

 


O ÁLBUM:


O VIDEOCLIPE DE “LONER”:

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