O Rock’n’Roll “moderno” e as polêmicas com o Picture Parlour


Picture Parlour Band 2023
Foto: Divulgação

O Rock ’n’ Roll nasce e morre todos os dias em forma de sonhos sonhados por jovens ao redor do mundo. Jovens que decidem pegar em instrumentos e se juntar para perpetuar a força primal do gênero musical que mudou a cultura popular no meio do século XX. Em suas diferentes facetas, no entanto, o Rock ’n’ Roll neste século XXI é um espectro mutante que se distancia dos anos passados em que o mainstream se curvava perante a sua popularidade. Os sonhos roqueiros de hoje se envolvem nas questões vertiginosas do nosso tempo. Assim surge o Picture Parlour na capa da edição de 19 de junho do semanário NME.

Na pujante sociedade da informação, as opiniões parecem importar tanto quanto o próprio material a que a opinião encontra espaço de conforto para se manifestar. Foi por meio da polêmica que primeiro me interessei na música dos inglesas do Picture Parlour [NE: Katherine Parlour, Lynch, Ella Risi e Michael Nash]. A música, porém, é o que menos parecia importar para as opiniões que acompanhavam as postagens nas redes sociais da importante revista musical, também inglesa, NME.

O New Music Express trouxe como capa de uma de suas edições virtuais semanais a banda novata, formada em Manchester, Picture Parlour. A matéria escrita pela jornalista Sophie Williams destaca o fator boca-a-boca para a popularidade do grupo que tinha acabado de lançar o primeiro single nas plataformas digitais. Os membros virtuais da nossa sociedade de informação arquearam uma de suas sobrancelhas para o fato de que (naquele momento) a banda acumulava apenas 32 ouvintes mensais no Spotify.

Nos comentários das páginas da revista no Twitter e Instagram, os usuários pareciam chegar em um consenso máximo: de que aquilo tudo não passava de filhos-de-alguém sendo implantados pela indústria na mídia musical do Reino Unido. A preocupação, e até, frustração de algumas pessoas é legítima aqui. Nunca existiu um cenário em que as aspirações corporativistas em um cenário artístico não prejudicasse a autenticidade necessária à própria arte.

Katherine Parlour, frontwoman da banda, garante na matéria que sabe que “eles são legítimos”. O single, Norwegian Wood (que não é um cover de Beatles) é uma atraente e pulsante canção de três minutos e meio de Rock ’n’ Roll. A voz de Parlour tem traços de Stevie Nicks (do Fleetwood Mack) em “Edge of Seventeen”, mas é cheia de personalidade na tarefa de conduzir um refrão que cresce junto com a própria música. Atualiza bem o gênero em versos como “Not sure I know my body yet” (Não tenho certeza se já conheço meu corpo). A banda não traz nada de tão novo, como se pode imaginar aqui, mas é super competente.

Na matéria, Sophie Williams reforça o compromisso do NME de trazer artistas em ascensão para o destaque da revista. Acredito que muitas pessoas esquecem da importância da imprensa musical em pavimentar o caminho de bandas novas para o mainstream. O próprio New Music Express (atente-se ao nome) sempre teve suas apostas musicais como prioridade em sua redação.

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No momento, “Norwegian Wood” acumula mais de 22.000 streams no Spotify enquanto a banda se prepara para abrir shows do Bruce Springsteen em julho (o que deve aumentar bastante sua popularidade). Como todas as demais coisas vivas – devemos deixar o Rock ’n’ Roll viver.

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