VIVIAN KUCZYNSKI – Ictus (2019)

‘Ictus coloca a curitibana Vivian Kuczynski como uma boa promessa no cenário musical brasileiro.’

Num ano que nadou contra a maré de muitas pessoas que ainda teimam em dizer que o Brasil carece de bons nomes na música atual, a curitibana Vivian Kuczynski é mais uma cantora que engloba a lista de novos artistas para se ficar de olho (e ouvidos atentos). A jovem, que nem chegou aos 18 anos, é mais uma cantora que se preocupa com as letras (de própria autoria) e com os arranjos, colocando ambos em sintonia. Nas letras, é inquieta e faz críticas, apesar de não diretas, pela situação social e política da atualidade, como é o caso de “Brasil” onde ela cita: ‘Alago o chão de todo o muro estando em pé/Glorificamos todos os ternos mesmo sujos/Fácil iludir, toda a culpa queima muda’.

A maioria das canções segue pelo lado eletrônico, porém de uma maneira que foge da linearidade explorando bem camadas, batidas e efeitos, nada fácil nas primeiras audições. Em alguns momentos, é até possível se pensar no Portishead, o que fica bem perceptível na faixa “Mesmo Lugar”. Ou então, a cantora opta em seguir por um clima mais acústico/orquestrado (“Carne”). A produção e mixagem ficou por conta de Gustavo Schirmer que também produziu Violeta (2019), disco mais recente da banda paulistana Terno Rei.

Vivian se diz inspirada na cantora dinamarquesa Aurora (que ouviu bastante nesses anos), porém, cita James Blake como uma de suas influências. O ouvinte também poderá perceber muitas similaridades com Fiona Apple, St. Vincent e Beth Orton, sobretudo pelo timbre de voz. O importante é a capacidade de uma artista brasileira que, apesar de jovem, chega com um pensamento maduro e tem a música pulsando em seu sangue.