Pere Ubu disponibiliza ‘Trouble in Big Beat Street’; Ouça


pere-ubu-trouble-on-big-beat-street

Desde um hiato de aproximadamente seis anos (1982-1987), na década de oitenta, o Pere Ubu tem se mantido em atividade e, ocasionalmente lançado álbuns. À frente da banda, o vocalista David Thomas (espécie de versão Mark Smith de Cleveland) é o responsável, desde os primórdios – lá no final dos anos 70 – por levar adiante o nome do grupo e manter acesa a chama vanguardista e experimental que permeia os trabalhos do grupo desde sempre. Seja com seu estilo vocal avesso aos convencionalismos, seja pelos instrumentais que primam pela busca de formatações mais inusitadas possíveis, o grupo chega com Trouble in Big Beat Street ao seu décimo nono álbum de carreira com o mesmo vigor e estranhamento musical de outrora, que deu ao mundo trabalhos influentes como Modern Dance, o clássico e inclassificável álbum de 1978.

Com uma carreira beirando as cinco décadas e formações diversas ao longo dos anos, o Pere Ubu é atualmente um quinteto e tem, além de Thomas, Keith Moliné (guitarra), Gagarin Aka Graham Dowdall (synths e eletrônica), Chris Cutler (bateria e eletrônica) e Alex Ward (guitarra e clarinete) e mais os colaboradores de longa data: Andy Diagram (trompete) e Michele Temple (baixo). E é com essa formação que, quatro anos depois, o grupo chega ao sucessor de The Long Goddbye (2019), lançado pela Cherry Records.

Quem conhece os trabalhos do grupo já está acostumado e ambientado com os devaneios sonoros que o grupo compõe, e se sentirá em casa com a cacofonia da eufórica “Love is Like a Gravity”, longa faixa de abertura (quase seis minutos), recheada com os angulares riffs de guitarra vindos diretamente do Pós-Punk made in 80’s. O conselho é: Não se acostume, o caminho aqui é tortuoso e repleto de mudanças ao longo das 10 faixas que compõem o disco, gravado no estilo take único, para, nas palavras de Thomas: “Uma música é melhor na primeira vez que é tocada… repetição permite que o erro exista”.

+++ Leia sobre ‘All The Kids are Super Bummed’, de Luke Haines e Peter Buck 

Se a padronização e pasteurização musical é a maré levando a música (e o Rock) para uma homogeneização entediante, o Pere Ubu é a avassaladora contracorrente cinquentona necessária derrubando os muros com sua marreta sonora. Trouble in Big Beat Street acrescenta uma nova ferramenta em seu kit sonoro para abalar o paradigma musical contemporâneo.

“Love is Like Gravity” faz parte de nossa Playlist de 2023, e você pode CURTIR/OUVIR clicando AQUI.

Previous Drama acreano, 'Noites Alienígenas' explora a perigosa relação entre tráfico e violência
Next Novo do The National, 'First Two Pages of Frankenstein' é convite à introspecção

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *