‘Lado C’ convida a imersão em uma das melhores fases de Caetano


Capa do livro Lado C, sobre Caetano Veloso

Decifrar Caetano Veloso é um exercício dos mais complexos e, porque não dizer, ousados. Afinal, sua musicalidade e lirismo sempre foram forças motrizes abrangentes que o levaram a dezenas de caminhos que foram percorridos ao longo de sua vasta e influente carreira.

Recentemente, o cantautor celebrou 80 anos de idade e isso fez com que diversas homenagens fossem prestadas ao artista baiano. Entre tantas iniciativas bem-sucedidas a mais célebre, sem dúvida, é Lado C: A Trajetória Musical de Caetano Veloso Até a Reinvenção com a bandaCê (Máquina de Livros, 2022).

Escrito por Luiz Felipe Carneiro e Tito Guedes, o livro promove um passeio detalhado na carreira do artista, mas tem como ponto central a trilogia produzida com a bandaCê. O trio formado por Pedro Sá (guitarras), Ricardo Dias Gomes (baixo e teclados) e Marcelo Callado (bateria) foi corresponsável para que Caetano promovesse um dos voos mais ousados de sua carreira, que reconstruiu (a bel prazer) gêneros como Rock, Samba e outras brasilidades afins como a Bossa e o Funk carioca.

Tito Guedes, Caetano Veloso e Luiz Felipe Carneiro
Tito Guedes, Caetano Veloso e Luiz Felipe Carneiro :: Foto | Paula Lavigne

Com produção de seu filho (Moreno Veloso), a trilogia formada por álbuns como (2006), Zii & Zie (2009) e Abraçaço (2012) foi responsável por trazer a tona o frescor e a vitalidade, características essas inerentes aos artistas movidos pela inquietude.

Entre entrevistas e depoimentos, a obra promove, de forma didática e pontual, uma imersão não só no processo criativo do período, como também traz os bastidores das turnês que percorreram o mundo, colhendo elogios por onde passou.

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Por mais a fase junto aos jovens músicos tenha se encerrado, o legado dessa fase ainda reverbera e pode ser percebida em seu disco mais recente: o elogiado Meu Coco (2021), trabalho em que Veloso promove um reencontro com suas raízes sonoras, reatou com antigos parceiros (o arranjador e maestro Jaques Morelenbaum), mas segue aberto a novas parcerias como a aproximação de Lucas Nunes, integrante da banda sensação do momento o Bala Desejo.

Por fim, Lado C é uma bela homenagem, indicada a iniciantes e iniciados, que convida ao leitor a re(descobrir) a obra de uns artistas mais instigantes e prolíficos da música popular brasileira.


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