LANÇAMENTOS NACIONAIS: Sara Não Tem Nome e Gabriel Thomaz



Primeiras semanas do ano geralmente são um tanto paradas em termos de lançamentos de álbuns, principalmente na Música Nacional.

Apesar disso, dois nomes já conhecidos para muitos soltaram álbum nesse início de ano, a multiartista de Belo Horizonte Sara Braga, mais conhecida por Sara Não Tem Nome, cujo último álbum foi lançado em 2015, ‘Ômega III’, retornando com ‘A Situação’. E o incansável músico Gabriel Thomaz, com seu devidamente nominado álbum solo ‘Multi-Homem’.


SARA NÃO TEM NOME – A Situação

Sara Não Tem Nome - A SituaçãoDois dias antes das eleições de 2022, a multiartista Sara lançou o provocativo single “Cidadão de Bens”, onde, com letra contundente, refletia sobre a sociedade brasileira e os chamados “cidadãos de bem”. A faixa prenunciava o lançamento de seu novo álbum, que surge oito anos após Ômega III, de 2015. Ali as composições surgiam a partir do violão para ganhar arranjos mais encorpados, numa linguagem mais voltada para o Indie-Rock. A Situação (Grão Pixel, 2023) há a adição de metais e violino, criando uma experiência sonora diversificada e, ao mesmo tempo, melancólica, emoldurada pelos vocais cristalinos.

O disco segue na pegada do single, e a capa (mais uma vez) genial sintetiza isso. Sara deseja exprimir o sentimento de sufocamento pelo qual o país passou, evidente nos versos iniciais da divertida marchinha “Pare”, que inicia o álbum: “Pare pra eu descer / Essa viagem já foi longe demais (Já deu!)”, ou em seu contraponto, na quase fúnebre “Ponto Final”: “Na corda bamba / Por um fio, por um triz / Andando no limite do insuportável”. O álbum tem várias participações especiais, incluindo de Tantão (Black Future, Tantão e os Fita), Randolpho Lamonier, Bernardo Bauer e Luiza Rozza. Desde já, um dos grandes álbuns de 2023. 🙂



GABRIEL THOMAZ – Multi-Homem

Gabriel Thomaz - Multi-Homem

Envolvido em projetos musicais diversos, o incansável músico Gabriel Thomaz, vocalista e guitarrista da banda carioca Autoramas, lança disco solo sob a alcunha (mais que apropriada) e disco de mesmo nome, Multi-Homem (Selo Maxilar, 2023). O álbum é multifacetado e marcado pela mistura, e irreverência, vide a faixa de abertura: “Quero tocar no Peru / Quero tocar no Pará” (Peru/Pará). Apesar de transitar por ritmos como Tecnobrega, a Chicha (origináriao do Peru), ritmos carnavalescos (Frevo), prevalece, no fim, a veia rocker do músico.

Ela está exposta em faixas que são o “habitat natural” do músico: letras bem sacadas e instrumentais que se alinham ao Rock and Roll: “Você Vem me Beijar”, “Asfalto Preto”, “Eu Tenho Febre” (aqui mais voltada para o Rockabilly), e na sujíssima e garageira “Fotomatón”. Há a participação especial da cantora Márcia Castro em “Carambola”, canção em ritmo de marchinha pontuada por riffs distorcidos. E sobra espaço para uma versão rockeira de “Não Serve Pra Mim”, de Roberto Carlos, e até uma faixa acústica, que encerra o álbum: “A História da Vida de Cada Um”, com participação do músico Felipe Bueno. :-/



 

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