Declinium, Novelta, Os Reids, Sofie Jell, Conjura são algumas das bandas que já deram as caras aqui no site. Em comum, todas são bandas baianas e fazem parte do cast da Trinca de Selos, um coletivo de gravadoras independentes de Salvador.
A Trinca, como é chamada pelos mais chegados, é formada pela união de forças de três caras que labutam com seus respectivos selos há anos no meio alternativo baiano: Wilson Santana (Brechó Discos), Rogério Bigbross (Big Bross Records) e Tony Lopes (São Rock Discos).
Com uma quantidade incrível de lançamentos a cada ano, a Trinca contabiliza mais de quatro centenas de lançamentos em sua página oficial no Bandcamp, entre singles, EP’s, e álbuns, que incluem lançamentos e reedições. O selo abre espaço para artistas e bandas alternativas em variadas vertentes, do Pop-Rock ao Rock Alternativo, do Punk-Rock ao Indie, passando pelo Blues, Funk-Rock, Metal, Experimental, Hardcore, Industrial e muito mais.
O catálogo é vasto e abrange projetos musicais não só da cidade de Salvador, mas da região metropolitana, do interior da Bahia e de outros estados, e até mesmo de fora do país. Além disso, o selo promove festivais e eventos e também lança suas coletâneas próprias – no início do ano teve o lançamento do Anuário Trinca de Selos vol. 5 (OUÇA AO FINAL), coletânea anual iniciada em 2017 e que na versão 2022 tem 46 faixas de artistas do selo. Bastante ativo durante a pandemia, a Trinca seguiu realizando lives, com a criação do Festival “Som de Casa”, uma forma de manter os fãs em contato com os artistas e manter as bandas em atividade, levando alento para muitos num momento tão difícil.
Em entrevista de 2010 ao site O Inimigo, Wilson comentou sobre a forma natural como aconteceu o surgimento da Trinca e também a ideia do nome:
“… confesso que não lembro [quando começou a Trinca], talvez a partir de 2010, mas não é exato. Não foi um lance pensando, planejado, surgiu de forma natural… Talvez 2010 tenha sido o pontapé, falo porque nesse ano, saíram os álbuns do Reverendo T (Pequenos Milagres de Um Santo Barroco de Barro) e da Pastel De Miolos (Da Escravidão ao Salário Mínimo). Lembro de ter feito dois “adesivos perfurados” pra colocar no para-brisa traseiro do meu carro e do carro de Tony, e nesses “perfurados” além das capas dos dois álbuns, tinha a frase “Creia no Rock Baiano!”. Foi nesse período que comecei a utilizar a hashtag #aquitemrockbaiano sempre que postava algo sobre bandas da Bahia e do selo. Quanto ao nome, a galera das bandas sempre diziam uns aos outros: “lança pela Trinca”, “solta pela Trinca”, saiu pela Trinca”, é a “Trinca” que lança bandas da Bahia. Foi quando tive a sacada de oficializar e criar a Trinca de Selos”
O selo é, já de algum tempo, referência (e resistência) na cena musical alternativa da Bahia e do Brasil, e um abrigo para músicos e artistas que se embrenham nesse ambiente tão espinhoso para quem quer lançar seu trabalho autoral e também mostrar sua música.
+++ Leia o Especial sobre o selo Nada Nada Discos
Até recentemente o Bardos Bardos (temporariamente fechado) era o QG do selo, onde aconteciam muitos dos eventos e shows, além de “ponto de vendas” dos trabalhos lançados, camisetas e outros itens, noutras palavras “a lojinha da Trinca”. Com o fechamento do Bardos, o QG agora é no Blá!Blá!Blá! – Arte & Cultura.
Com um catálogo imenso, construído ao longo dessa dúzia de anos, há muitos trabalhos interessantes lançados pelo selo a serem descobertos e estão todos disponíveis para audição gratuita e aquisição via download na página do Bandcamp. Destaque dentre os lançamentos desse ano para o EP Workshop de Música Instrumental, do power trio soteropolitano Tentrio. Já nos trabalhos mais antigos, recomendamos o EP ...Vício, Virtude, Violência, da inclassificável e apocalíptica banda Modus Operandi.
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