No xadrez, J’Adoube significa “eu arrumo”. É dito quando um jogador pede licença para ajustar as peças no tabuleiro durante a partida. E é com o nome desse “movimento” do xadrez e partir dessa premissa que o projeto Grandes Animais em Fuga lança o seu primeiro single, só que a banda chega com a proposta de incendiar o tabuleiro.
Lançada oficialmente pela Trinca de Selos, responsável pela maioria dos lançamentos independentes da cena musical baiana, a faixa do grupo se aproxima da sonoridade Grunge, mas, conforme nos informam, tanto o Garage Rock quanto o Punk-Blues se farão presentes na sonoridade e composições do grupo, um projeto paralelo do trio, todos ligados a outros nomes da cena musical local.
Gravado durante a Pandemia e seguindo as recomendações de segurança, “J’Adoube”, em seus exatos três minutos de duração, traz guitarras distorcidas no talo e uma pegada que conduz aos anos noventa sem se fixar obrigatoriamente em nenhum nome. A produção foi de Pedro Patrocínio (Calafrio) no estúdio Boca de 09.
Acompanhando o single, o grupo soltou um videoclipe (ASSISTA AO FINAL) em que substituem as máscaras de proteção por de animais “fofinhos” com sorriso bizarro e dentes ameaçadores, também presente na foto de divulgação. A produção do vídeo é da própria banda, que surge entre sombras e fogo, e tem direção e edição do estúdio FuzzTração Inc., com imagens de Pedro Henrique Caldas.
Aproveitando o lançamento, mandamos algumas perguntas para Wendel afim de conhecer um pouco mais sobre o projeto.
Grandes Animais em Fuga é: Wendell Fernandes (voz e guitarra), Filipe Figueredo (baixo) e Ícaro Bernardez (bateria).
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Como surgiu o projeto, o título e a estética?
R: A ideia surgiu a partir de Filipe (baixista). Estávamos tristes com a parada da Novelta e estávamos com muitas ideias e queríamos dar vazão à isso. Fizemos muitas músicas que não se encaixavam exatamente com a proposta da Novelta, e assim, ficou óbvio que a gente precisava de um projeto novo, mesmo nossas vidas não comportando tal coisa.
Com isso que tínhamos, chamamos alguns amigos para ajudar a compor, arranjar e tocar, como um “Desert Sessions” feirense, que apelidamos carinhosamente de Caatinga Sessions. Neste início Leonardo Guimarães (Sofie Jell) e Paulo Vitor (Comida de Foguete) fizeram parte, mas sem conseguirmos ir muito adiante, congelamos o projeto novamente, neste entremeio, Filipe acabou saindo da Novelta e indo para a Lírio.
Ficamos um tempo com isso guardado, quando no fim do ano passado eu e Filipe Figueredo começamos a levar novamente a sério o projeto. Foi então que numa conversa de bar, chamei Ícaro Bernardez (Papel Carbono) para integrar o projeto.
Achamos até que ele não iria colar, mas acabou que ele curtiu as músicas e na primeira reunião presencial ele já chegou contribuindo bastante, ajudando nos arranjos e em criações. Sangue no olho! Chutamos para cima muita coisa que tínhamos feito e começamos praticamente do zero, só que dessa vez, com Ícaro como integrante da banda.
A ideia é também fazer shows ou apenas um projeto de estúdio?
R: Em janeiro já tínhamos planos de fazer shows a partir abril. Estávamos amadurecendo as músicas para isso… estávamos e ainda estamos ansiosos para tocar ao vivo. Ansiosos para que a Sputnik russa, ou qualquer outra vacina funcione, para ver essas casas de shows cheias de pouca gente! Heheh! Como um bom show de rock sincero normalmente é!
“J’Adoube” mostra uma aproximação com a sonoridade do Grunge. O que poderia falar a respeito?
R: O grunge é parte do repertório criativo da gente e J’Adoube deixa isso bastante explicito, entretanto nossas outras músicas, que também são pesadas, tem além do Grunge, muito do Garage Rock e também muito Punk Blues.
Enfim, redescobrir o Nirvana nessa altura da vida é massa… Hoje eu até consigo ouvir de outro jeito.
Como o xadrez foi parar no título da canção?
R: J’Adoube é sobre o momento que você consegue reconhecer onde está. Sobre conseguir partir para cima e tentar resolver as coisas que te incomodam… Jogos que você joga sem saber exatamente porque está jogando… é sobre tomar as rédeas da situação, e decidir descer do cavalo, porque você nem sabe para onde é que o cavalo estava indo. No xadrez, J’Adoube significa “eu arrumo”… e é dita quando um jogador pede licença para colocar o jogo em forma de novo… o clipe propõe tacar fogo nesse xadrez…
Já tem em mente os próximos passos da banda?
R: Desenvolvemos metodologias para pré-produzir nossas músicas mantendo o distanciamento-social, assim, estamos com uma parte boa do trabalho adiantando e se tudo ir correndo como está, lançaremos o nosso primeiro EP, entre os meses de Dezembro e Janeiro.
Ainda não sabemos o que é esse tal “novo normal” para a música e por isso temos adiantado nosso lado, trabalhando tudo que é possível dentro desse possível.
Em resumo, agora é preparar esse EP e assim que der e for seguro, voltar a ensaiar normalmente nos preparando para apresentações ao vivo.
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