Still Corners acena para Indie-Folk de texturas cristalinas em ‘Last Exit’


Still Corners, foto de 2021

O embalo suave que escorre da música do Still Corners – emoldurado pela voz envolvente de Tessa Murray – na faixa homônima que abre os trabalhos de Last Exit, seu mais novo álbum, explicita mudanças e permanências na sonoridade desse duo anglo-americano cujo encontro casual num incidente de ônibus deu início ao projeto. Numa carreira de quase uma década e meia a dupla tem na bagagem outros quatro bons álbuns entre 2011 e 2018.

A suavidade sempre foi um atributo presente ao longo da discografia do duo, variando o enfoque sonoro, tanto com elementos de Dreampop quanto agregando efeitos eletrônicos típicos do Synthpop em batidas e sintetizadores.

O aceno agora é para um Indie-Folk com o fio condutor de guitarras com texturas cristalinas e uso recorrente do pedal Steel ou elementos acústicos.

Voltando para  Slow Air (2018), seu álbum mais próximo, percebemos que em faixas como “The Message” o Still Corners já mostrava essa feição que aqui se tornou mais ampla e aprimorada, ganhando de quebra o conceito de “desert songs” pretendido pela dupla. Conceito que está na capa do disco, no título das faixas e no uso de sons da natureza para captar a atmosfera: uivos, vento, trovões.

As letras complementam a ideia, narrando viagens por estradas que cortam o deserto em “Last Exit”: “Estou vagando para lugar nenhum / O passado ecoa em minha mente / No meio do deserto / O diabo seguindo logo atrás”; ou imagens oníricas que surgem pelo caminho, em “Mystery Road”: Eu estava dirigindo / Não havia nada lá fora / Mas uma sensação / Apenas dois faróis e uma estrada vazia (…) No escuro eu vi um jovem caminhando na estrada / Mas quando eu esfreguei meus olhos / Ele tinha envelhecido”.

Em “Crying” Tessa diz estar chorando tentando esquecer, um amor ou a situação de loucura a que esse nosso mundo chegou com a pandemia? Tanto faz: “Eu tenho batido palmas / Para poder desligar / Estou contando até dez / Enquanto o mundo desmorona”, ela confessa.

+++ Leia a crítica de ‘Slow Air’, do Still Corners

Apesar de em alguns momentos Last Exit transmitir certa linearidade, quando os arranjos repetem os mesmos elementos, noutros percebe-se a tentativa de mudanças, como em “It’s Voodo”, que remete diretamente a Dire Straits, nos timbres de “White Sands”, ou no clima Country/Western de “Bad Town”.

Esse é aquele tipo de álbum que segue do início ao fim sem grandes arroubos, com mudanças mínimas de andamento, para ser ouvido naqueles momentos em que o que mais se deseja é algo suave.

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