‘Diário de Horrores’ traz contos modernos que funcionam de forma regular


Diário de Horrores

Tudo indica que as séries antológicas de TV voltaram com força total. A britânica-canadense Creeped Out (Diário de Horrores no Brasil) é mais uma delas que, assim como Coletivo Terror (Bloodride), também se encontra no catálogo da Netflix. Da mesma forma, temos histórias curtas individuais que são apresentadas por um misterioso personagem. Neste caso, temos o Curioso, uma suposta criança mascarada que aparece no início e no fim dos episódios, sempre coletando algum objeto que fez parte daquela história. Claro que algumas histórias se interligam por estarem em mesmos cenários ou então, por usarem mesmas referências locais como a Pizzaria Zucco’s.

Ao criar a série, Bede Blake e Robert Butler citaram que foram fortemente inspirados por Steven Spielberg e sobretudo, por Amazing Stories. Os autores também afirmaram que a série seria um espaço de suprema criatividade e liberdade para os episódios criados. E é dessa forma que Diário de Horrores acontece, uma homenagem moderna para a clássica Além da Imaginação e Amazing Stories, lá nos anos 80. O Cinema Fantástico, o surreal e o absurdo se fazem presentes em 23 episódios onde a imaginação humana extrapola as suas próprias possibilidades e compreensões.

Apesar do título em português, os episódios da série escapam um tanto do horror/terror tradicional, muito menos fazem uso de sangue ou da carnificina para apresentar seus episódios. Fãs desse tipo de terror nem passarão perto. A série quer dialogar com um público principalmente infantil ou adolescente (o seu alvo principal) através de situações inusitadas e até inverossímeis por quais passam os personagens. Claro que alguns recursos empregados são bem conhecidos pelo público cinéfilo como volta no tempo, universos paralelos, narrativas contadas de trás pra frente e até aquele vizinho que pensamos que pode se transformar numa criatura assustadora.

Mais do que tudo, a intenção maior dos episódios é ensinar seus telespectadores passando lições de moral e justificar que para todo mal existe uma punição, deixar claro que muitas vezes um vício ou maldade do personagem podem ser reparados.

Para muitos casos, às vezes uma simples mudança de atitude ou comportamento pode ser a solução. Apesar disso, alguns episódicos acabam trazendo um final cheio de impacto pois muitas vezes as consequências não tem volta ou alguém pode sair prejudicado (e alguns desses momentos o público ainda aguardava por um outro desfecho).

Trazendo temas relacionados a tecnologia, muita coisa da atualidade entra em xeque e os episódios discutem como isso pode afetar a vida dos jovens modernos: bullying, exagero do uso de aparelhos tecnológicos no cotidiano, boatos em redes sociais, narcisismo pela internet, fake news. Outros temas, por sua vez, são aqueles que comumente encontramos no cinema, como de praxe: o desrespeito aos pais, materialismo, orgulho, trapaça, mentiras, falsas amizades.

Entre 23 episódios, há uma regularidade. Enquanto alguns episódios cumprem passar sua moral numa narrativa interessante e curiosa, outros acabam forçados demais. Os que podem ser destacados pelo são (títulos em português): Labirinto e Cinco Infelizes (Temporada 2), Difícil de Assustar, Comida de Gato, O Terror da Internet, A Cabana, Uma Amizade no Passado e os 2 episódios de Show À Parte (Temporada 1).

+++ Leia a crítica da primeira temporada de ‘Coletivo Terror’, da Netflix

Quando a série brilha, mostra que o cinema ainda pode aprontar, criar teorias e sempre investigar o poder da mente humana. Embora muitas vezes parece que estamos diante de um Black Mirror menos polêmico e subversivo, destinado totalmente ao público infanto/juvenil, Diário de Horrores não funciona completamente como as antológicas séries antigas citadas aqui. De qualquer forma, pode deixar alguns meninos e meninas pensando bem nas maldades que fizeram durante o dia.

 


FICHA TÉCNICA:

Gênero: Fantasia, Ficção Científica, Mistério, Suspense
Temporadas: 02
Duração: 25 a 30 minutos (23 episódios)
Direção: Steve Hughes, Bruce McDonald, Simon Hynd, Gareth Tunley e Lucy Campbell
Roteiro: Bede Blake e Robert Butler
Elenco: Victoria Diamond, William Romain, Kyle Breitkopf, Julian Richings, Katie Douglas, Nicolas Grimes, Simon D. Scott e outros
Data de Lançamento: 04 de outubro de 2018
Censura: 10 anos
Avaliações: IMDB / Rotten Tomatoes

 

 


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