“Porcelain Raft traz mudanças sonoras influenciadas pelo passado e pela nostalgia de seu mentor Mauro Remiddi”
Porcelain Raft é o projeto musical de Mauro Remiddi. Com uma sonoridade bastante voltada a Eletrônica e com muitos detalhes que abraçavam a Chillwave, dessa forma veio o début, o interessante Strange Weekend (2012). Em seguida, foram lançados Permanent Signal (2013) e Microclimate (2017). O músico é italiano, mas por um tempo residiu em Nova Iorque e Los Angeles.
O quarto álbum, Come Rain, foi arquitetado durante três anos. Nesse tempo, mudanças aconteceram não apenas em nosso mundo, bem como na vida do músico que se tornou pai e retornou a Roma, sua terra natal. E, para esse novo trabalho, Remiddi pensou no início de seu gosto pela música, em suas primeiras composições (bem antes do primeiro disco lançado) e resolveu adotar um estilo mais voltado ao Indie Rock. Deixa a eletrônica um pouco de lado (mas sintetizadores e teclados ocasionais estão presentes), compondo um álbum influenciado pelo clima nostálgico que o contagiou.
Respeitando as normas de isolamento, Remiddi fez um álbum dentro de casa e deu ênfase a dois instrumentos, que regem a maioria das composições, piano e guitarra clássica.
É o piano que abre a magistral “Come Rain” com uma paisagem etérea e melancólica. Mauro, por meio de uma letra bem poética e carregada de esperanças, com voz em falsete, traz uma nova musicalidade, muito mais madura em relação aos trabalhos anteriores.
O mesmo vale para “Oglasa” que cai numa roupagem Ambient, valorizando um aspecto bem ligado a trilha sonora, revelando um artista que também sabe desligar um pouco as batidas dançantes para criar longas viagens climáticas. Outro destaque, “Tall Grass”, divide a faixa com piano e guitarra, transita entre a calmaria e a tempestade, representa um lado criativo do artista com as possibilidades de se trabalhar com texturas dentro da música.
Mas, o álbum tem suas inconsistências, sobretudo nas faixas ligadas ao Indie Rock. Tudo bem que a guitarra seja marcante, o instrumental também foi planejado para suportar uma cozinha poderosa, mas são canções genéricas e que tiram o espírito do álbum (“The Way Things Are” e “Out Of Time”). A curtíssima “For A While” tem a intenção de ser um Folk, porém apresenta um arranjo simples demais e precisaria de um contorno mais rebuscado.
Podemos pensar Come Rain como um álbum experimentalista e atípico do Porcelain Raft. Um trabalho que representa mais a vontade de mudar de seu criador do que propriamente de agradar mídia e público. Algo que abre novos caminhos, possibilidades e transformações no futuro. Vindo do músico que constantemente está de mudanças (tanto na vida pessoal como musical) e que sabe abordar tanto a faceta Eletrônica como Rock, basta aguardar o que virá nos próximos discos.
NOTA: 6.0
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NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Juliano: –
Isaac Lima: –
Luciano Ferreira: –
Marcello Almeida: –
MÉDIA: 6.0
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:: FAIXAS:
01. Come Rain
02. The Way Things Are
03. Out Of Time
04. Tall Grass
05. For A While
06. The Crow & The Rainbow
07. If I Was
08. Oglasa
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