Kim Gordon alarga as fronteiras musicais em ‘No Home Record’


Foto de Kim Gordon para resenha de No Home Records

‘No Home Record’ é um passeio inusitado por territórios inexplorados na obra de Kim Gordon

Embora seja a estreia de Kim Gordon solo, não se pode dizer que a ex-baixista/guitarrista/vocalista do Sonic Youth sumiu desde a dissolução do grupo. Kim esteve envolvida com a arte em suas diversas formas: Cinema, Literatura (lançou os livros A Garota da Banda e Is It My Body? Selected Texts ) e música (com os projetos Body/Head, Glitterbust), ou seja, manteve seu espírito inquieto em constante movimento, algo que já fazia, inclusive dirigindo videoclipes e participando de exposição de artes.

Mantendo o contato inevitável com a música, natural que seu primeiro trabalho com seu nome na capa viesse à tona, da mesma forma que seus ex-colegas de banda Thurston Moore e Lee Ranaldo. No Home Record se destaca pelo distanciamento sonoro de sua ex-banda. O experimentalismo que sempre pintava nos trabalhos do SY surge aqui de outra forma, com menos barulho e menos guitarras, as canções soam quase abstratas, dada a ausência de elementos melódicos, priorizando batidas e bases.

“Air Bnb” é a música em que a aura do Sonic Youth se faz mais presente, tanto no formato do arranjo quanto nos elementos, de resto o álbum tem feições próprias.

Ao lado do produtor Justin Raisen, conhecido por seu trabalho com Angel Olsen, Sky Ferreira, John Cale, Ariel Pink, Marissa Nadler, Santigold e outros, Kim compôs um álbum repleto de batidas poderosas, graves densos e bastante dissonâncias, ponto de interesse em sua carreira desde os primórdios. Intervenções sonoras diversas preenchem espaços e a voz rasgante da artista surge em destaque, às vezes usando o estilo mais falado do que cantado.

É o tipo de álbum difícil e que, ao não se fixar em nenhum gênero musical específico, pretende-se atemporal, livre de amarras ou fronteiras, aqui e ali resvalando em elementos industriais e de música eletrônica, mas se saindo mais atraente quando aposta em formatos mais convencionais.

+++ Leia a crítica de ‘Rock’n’Roll Consciousness’, de Thurston Moore

Kim está disposta a experimentar, buscar novas ideias tanto para a sua música quanto para sua forma de cantar, como se buscasse colocar a arte em primeiro plano. Aos 66 anos, ela já passou por muita coisa, não precisa provar nada para ninguém, pode-se dar ao luxo de fazer o disco que deseja, um disco autoral.


Capa do álbum No Home Record de Kim Gordon

FAIXAS:

01. Sketch Artist
02. Air Bnb
03. Paprika Pony
04. Murdered Out
05. Don’t Play It
06. Cookie Butter
07. Hungry Baby
08. Earthquake
09. Get Your Life Back

 


 

 

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