“Apesar da execução ruim, novo terror da Netflix consegue surpreender no final”
Dirigido por Ciarán Foy, do fraquíssimo A Entidade 2 (2015) e roteirizado pelos mesmos escritores do interessante A Autópsia (2016), este filme é mais um exemplo do mal que acomete a maior parte das produções de terror da atualidade, ele carece de personalidade. Estamos diante de um emaranhado de clichés que se atropelam e se misturam de maneira insossa e nada assustadora.
O filme, que só ganha fôlego em seu ato final, é um reflexo de uma produção mediana que por acreditar muito em seu desfecho, esquece de conduzir o restante da trama de maneira homogênea e satisfatória.
Eli é um garoto de onze anos que convive com uma doença alérgica degenerativa muito grave, a qual o impede de ter contato até mesmo com o ar em sua volta. Para evitar uma crise alérgica fatal ele vive literalmente em uma espécie de bolha plástica esterilizada.
Os pais, desesperados por uma cura, decidem submeter o filho a uma terapia experimental que se dará em uma espécie de mansão envolta por uma insistente névoa e totalmente isolada no meio da floresta, na qual os mesmos ficarão hospedados enquanto o filho recebe o tratamento de uma misteriosa médica.
Se o primeiro ato, desperta um pouco de curiosidade, no segundo toda a expectativa cai por terra. A narrativa é lenta e aborrecida e para piorar, somos expostos aos mais bobos clichês e sustos gratuitos e previsíveis do gênero.
Obviamente, a mansão é assombrada e os métodos que a médica utiliza são pouco ortodoxos. O garoto percebe que tem muita coisa estranha acontecendo e tenta alertar aos pais, que como todo personagem clichê de filme de terror ruim, preferem não acreditar no filho.
Devido ao roteiro fraco, o elenco também não está muito bem, mesmo contando com Kelly Reilly, de True Detective e Sherlock Holmes, no papel da mãe do garoto, e Max Martini, de Círculo de Fogo e Capitão Phillips, no papel do pai. Eles até tentam interpretar com alguma dignidade, mas não há muito o que fazer a partir de um texto tão raso.
Os destaques ficam mesmo para o ator mirim Chalie Shotwell, de Capitão Fantástico, que interpreta o protagonista com muita dedicação e a Sadie Sink, de Stranger Things, que juntamente com a Lili Taylor, de Invocação do Mal, também não fazem feio.
Porém o diretor demonstra incapacidade total para criar uma ambientação convincente, bem como o clima de tensão necessário para que qualquer filme de terror funcione, se limitando apenas a imitar tudo que já foi visto antes em produções sobre casas mal assombradas, abusando de jump scares irritantes.
A trilha sonora é genérica e passa despercebida. O roteiro também falha ao jogar para o público situações inverossímeis e personagens tão mal escritos que podem inclusive afrontar a inteligência e aborrecer o espectador mais atento.
Os furos narrativos vão se acumulando exponencialmente, até que em um momento de “lucidez”, a história nos leva pra um desfecho no mínimo inusitado e divertido, que acaba reduzindo o número de furos e dando uma nova perspectiva aos fatos. Uma espécie de “carta na manga” que, se não redime totalmente o filme, ao menos não o encerra com a sensação de perda total de tempo.
:: NOTA: 5,5
NOTA DOS REDATORES:
EDUARDO SALVALAIO: –
ISAAC LIMA: –
LUCIANO FERREIRA: –
MÉDIA: 5,5
:: LEIA TAMBÉM:
A MALDIÇÃO DA RESIDÊNCIA HILL (The Haunting of Hill House, 2018)
O BABADOOK (The Babadook, 2014)
:: FICHA TÉCNICA:
Gênero: Horror
Duração: 1:38 min
Direção: Ciarán Foy
Roteiro: David Chirchirillo, Ian Goldberg , Richard Naing
Elenco: Charlie Shotwell, Kelly Reilly, Max Martini, Lili Taylor e outros
Data de Lançamento: 18 de outubro de 2019 (USA)
Censura: 16 anos
IMDB: ELI
ROTTEN TOMATOES: ELI
:: Assista ao trailer: