CUSTOMS – Magik (2018)


“Herdeira do Joy Division, banda belga lança seu último trabalho, porém a mágica não acontece perfeitamente”

‘Harlequins Of Love’ (2011) poderia colocar os belgas do Customs num patamar avançado no cenário musical. Poderia, mas isso não aconteceu. A banda liderada por Kristof Uittebroek possuía méritos para alcançar um sucesso a nível de Editors e Interpol (só para citar alguns grupos naquela época). Os belgas vinham com um pé na cartilha do pós-punk, herdeiros indiscutíveis do Joy Division e lançaram canções bem ágeis formando um petardo sonoro, sobretudo para quem sempre gostou desse gênero e das bandas que o executam. ‘Harlequins’, segunda canção do disco, tinha cacife para ser um dos hits poderosos daquele ano. Indo mais além, basta pegar dois anos antes com o début ‘Enter The Caracthers’ (2009) e ouvir a sensacional ‘Justine’. Fatos que nos levavam a crer que o Customs tinha o seu potencial apesar de toda uma reciclagem sonora e da semelhança incontestável com outros grupos.

‘The Market’ (2014) então, nem foi muito discutido na época do lançamento. Os belgas, nesse disco, começaram a colocar alguma eletrônica mesmo em doses não tão cavalares, as guitarras já aprendiam a conviver com batidas eletrônicas, o pós-punk abria um espaço maior para a New Wave 80’s, sintetizadores apareciam mais. Depois de quatro anos sem trabalho novo, ‘Magik’ chega bastante aprofundado na eletrônica, em demasia. O quarto álbum também chega num momento melancólico. É o último disco da banda que de despediu do mundo da música em 15 de fevereiro desse ano. Para a produção de ‘Magik’, apenas dois músicos estiveram presentes: o vocalista Kristof e o guitarrista Jelle Jansen. A dupla lançou o disco justamente 5 dias após o fim do Customs.

Desde a abertura com ‘Magik’, onde os sintetizadores tomam a frente e a guitarra praticamente se apaga, não há dúvidas de que a eletrônica entra de vez na sonoridade.

Muito do que temos aqui vai lembrar nomes como Gary Numan, Soft Cell e OMD. As lembranças 80’s irão escorrer pelo cérebro, é exatamente o que acontece na segunda música, ‘In Gloom’, com um refrão martelando na memória e com um clima electropop. O problema é manter o padrão. Em diante, o ouvinte constata uma eletrônica desleixada, sem muitos atrativos, até a voz de Kristof parece sumir e canções como ‘Absolute Beginner’, ‘Everybody Is Breathing’ e ‘Are You There’ se valem de uma eletrônica experimental que acaba não convencendo. Trecho fraco, monótono e sem charme do disco.

Então, por sorte, você pode ir logo na oitava canção, ‘Frantics’, e voltar a ter um pouco de emoção. Com uma batida vertiginosa, efeitos e sintetizadores numa espécie de frenesi, a canção volta a agradar um trabalho regular e um tanto quanto perdido em suas ideias. O mesmo vale para ‘White’ que com uma sonoridade obscura envolta numa eletrônica mais orgânica e serena, faz até o ouvinte lembrar de alguma faixa do marcante ‘Kid A’ (2000) do Radiohead (por um momento feche os olhos e pense numa espécie de ‘Everything In Its Right Place’). Uma lástima o disco não ter mais canções assim.

Entendam, não é pelo clima de melancolia e despedida que permeia ‘Magik’. Outras bandas fizeram discos especiais em momentos assim. Muito menos pela escolha suprema da eletrônica. É pela falta de coesão, pela monotonia e apatia de algumas faixas. Customs entrega um trabalho sem muito carinho, não se preocupa em fazer uma despedida marcante. Fazem uma espécie de canto do cisne desafinado, e nem o coelho saindo da cartola na capa parece funcionar dessa vez para a mágica.

::NOTA: 5,0

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::FAIXAS:
01 – Magik
02 – In Gloom
03 – Weapon
04 – Absolute Beginner
05 – Everybody Is Breathing
06 – Are You There
07 – Women And Children
08 – Frantics
09 – Less
10 – White

 

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:: ÁLBUNS ANTERIORES:
Enter The Caracthers (2009)
Harlequins Of Love (2011)
The Market (2014)

::Mais Informações:
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:: Assista ao vídeo de ‘In Gloom’:

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