‘Till – A Busca por Justiça’ é repetição da cartilha que Hollywood tanto ama


Till - A Busca por Justiça

Em 28 de agosto de 1955, Emmett Till, um garoto afro-americano de 14 anos, foi brutalmente assassinado na segregada Mississippi após ser falsamente acusado por uma mulher branca de assédio. No Brasil, a história de Till pode não ser conhecida, mas nos Estados Unidos o nome e a figura do jovem são lembrados devido ao legado de sua morte. O caso de Till escancarou para o resto do país a presença de linchamentos, aprovados pelo governo, motivados por preconceito racial e influenciou, por fim, o movimento dos direitos civis.

Assim como Whipped Peter, representado no recente filme Emancipação, Emmett também será lembrado por uma fotografia, uma foto de seu corpo desfigurado e parcialmente decomposto durante seu funeral em Chicago. Em Till – A Busca por Justiça, entretanto, as câmeras não estarão voltadas ao fotografado, mas sim a sua mãe que, no ápice de sua dor, exigiu que fosse registrado o mal que fizeram ao seu filho.

A história do ‘‘depois’’ do funeral, o julgamento dos assassinos de Emmett Till e a busca da mãe por justiça poderia render um grande filme, porém, sua narrativa e direção seguem toda uma cartilha bastante utilizada em Hollywood. Till – A Busca por Justiça, nesse caso, não é tão diferente de Estados Unidos vs. Billie Holiday, Os Olhos de Tammy Faye, King Richard ou Era uma vez um Sonho, isso se limitarmos as comparações apenas ao campo dos dramas biográficos, deixando de lado uma lista extensa de filmes “fictícios” protagonizados por negros.

Danielle Deadwyler em Till - A Busca por Justiça
Danielle Deadwyler em ‘Till – A Busca por Justiça’

Till – A Busca por Justiça soa como aquele filme que já vimos inúmeras vezes, optando pela mesma coisa de sempre para jogar na segurança, para oferecer uma narrativa didática, confortante e convencional sobre temáticas ou pessoas cuja história causa desconforto e revolta. Essa postura, contudo, prejudica a produção do filme ao também agregar a direção, ao determinar como um filme deve ser conduzido. Desse modo, infelizmente, a diretora Chinonye Chukwu chama mais atenção pelos planos fixos e cortes secos que pela sua travelling lateral utilizada de maneira esperta para demonstrar o impacto da notícia do falecimento de Emmett em várias residências.

Como uma típica cinebiografia, todo o peso do filme será jogado nas costas de seu personagem principal. Interpretando a mãe de Emmett, Mamie, Danielle Deadwyler entrega uma grande atuação, com momentos verdadeiramente impactantes, principalmente quando não há grande interação com outros personagens, interpretados por atores que não conseguem entregar o mesmo, que não estão no mesmo nível seu. Deadwyler, todavia, não é o suficiente e, portanto, não impede que o filme vá de encontro ao de praxe quando se usa a cartilha: a mediocridade.

+++ Leia a crítica dop filme ‘Emancipação’, de

Till – A Busca por Justiça, portanto, ao seguir normas na execução, desperdiça sua chance de ser uma produção fora da curva, possuindo como finalidade o desafortunado destino de ser considerado bom pela temática, não pela forma que aborda o assunto.


Poster de Till - A Busca por Justiça

Título Original | Ano: Till  | 2022
Gênero: Drama, Biografia, História
País/Idioma: Estados Unidos/Inglês
Duração: 2:10 h
Classificação: 14 anos
Direção: Chinonye Chukwu
Roteiro: Michael Reilly, Keith Beauchamp, Chinonye Chukwu
Elenco: Danielle Deadwyler (Mamie Till-Mobley), Jalyn Hall (Emmett Till), Whoopi Goldberg (Alma Carthan), Sean Patrick Thomas (Gene Mobley), John Douglas Thompson (Moses Wright) e outros
Avaliações: IMDB| Rotten Tomatoes

 

 


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