“Em Ogilala o acústico é a proposta predominante”
Em contraposição a estética sonora de seu primeiro álbum solo, “The Future Embrace”, Billy Corgan – há um tempo enfatizando bastante seu nome de registro, William Patrick Corgan -, traz em “Ogilala faixas acústicas do início ao fim, contando com a adequada coprodução de Rick Rubin, , considerando seus métodos aplicados em obras de nomes como Johnny Cash e Neil Young, e intenção de Corgan de ressaltar sobriedade e seriedade, além de uma sonoridade mais enxuta e crua.
O pontapé inicial vem com a “Zowie”, que faz alusão a David Bowie, uma de suas maiores influências, que, felizmente, chegou a dividir alguns momentos com o músico. A composição foi feita na época do falecimento do camaleão do Rock,quando ele, inevitavelmente, habitava de forma corriqueira seus pensamentos. Inteiramente em piano e voz, com inevitável melancolia no decorrer da canção. Na letra, Billy entoa os versos: “Essa vida continua correndo mais rápido que suas cicatrizes. E Caim não é capaz de construir um superstar”. Forte, não?
Em “Processional” o piano não está mais em evidência, mas ainda assim segue presente. Essa canção tem participação de James Iha, que contribuiu com guitarras e Mellotron, uma espécie de teclado eletromecânico sessentista de origem inglesa. Inclusive há especulações, e o próprio Billy dá certas esperanças, de uma futura reunião com Iha, D’Arcy e Chamberlin, a formação clássica dos Pumpkins.
“Aeronaut” é uma das faixas mais interessantes do álbum, a atmosfera é de concerto. Cordas e piano unem-se de forma harmoniosa e angustiada, o que resulta numa espécie de “Disarm” mais pé no chão, tristonha, mas louvável.
Chegando em “Archer”, última faixa do álbum, é bem nítido no arranjo o desgaste da fórmula prescrita, isso desde os primeiros acordes de violão, com exceção do percurso vocal de Corgan, nada acomodado em alguns aspectos. Destacam-se ainda “The Spaniards” e “Half-Life Of An Autodidact”.
Todo o álbum soa parecido em alguns aspectos pré-definidos, o que o torna coeso e cansativo ao mesmo tempo. O que alguns chamariam de “conceito”, denomino carinhosamente de “momento bicho-preguiça de Mr. Corgan”, acreditando piamente que debaixo de sua careca brilhosa ainda reside aquela mesma inquietação e criatividade, obviamente sem o mesmo frescor de anos um tanto longínquos, mas com a capacidade de cravar em nossa memória afetiva um misto de mágica e familiaridade de efeito transcendental.
:: NOTA: 7,0
:: FAIXAS:
01. Zowie
02. Processional
03. The Spaniards
04. Aeronaut
05. The Long Goodbye
06. Half-Life Of An Autodidact
07. Amarinthe
08. Antietam
09. Mandaryne
10. Shiloh
11. Archer
:: Assista abaixo ao videoclip de “The Spaniards”:
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