Em ‘Eton Alive’, Sleaford Mods mistura estilos de forma harmoniosa


Foto do duo Sleaford Mods para resenha do álbum "Eton Alive"

Projetos musicais como o Sleaford Mods são difíceis de descrever, mas interessantes de se ouvir. Um pouco por conta de fugir do lugar comum do cenário musical, outra parte pela mistura de gêneros e das várias influências absorvidas. O projeto musical consiste de umaa dupla inglesa, de Lincolnshire. Formada desde 2007, é composta por Jason Williamson e Andrew Fearn.

A começar pela voz de Williamsom, percebemos que o som do Sleaford Mods não é de fácil assimilação. Seus vocais são carregados de acento britânico, lembre-se de Phil Daniels (o ator que canta junto com Damon Albarn na canção ‘Parklife’ ou mesmo pode-se pensar no saudoso Mark E. Smith, da banda The Fall.

A sonoridade também não é de fácil compreensão uma vez que gêneros aqui não são únicos e a dupla sofreu inspiração tanto do punk como do rap e hip-hop (o próprio Williamsom diz adorar discos do Wu-Tang Clan e do Nas). Da mesma forma, os dois músicos brincam e definem o próprio som como uma ‘eletrônica e punk-hop minimalista com discurso retórico da classe trabalhadora’.

As letras refletem bem o espírito do rap e do punk: criticar sem soar piegas. E isso o Sleaford Mods cumpre, com letras que falam da vida moderna, dão bronca na cultura pop e nas celebridades, criticam o capitalismo de uma forma geral.

“Kebab Spider” traz referências de Afrika Bambataa; “Policy Cream” vem com slaps de baixo e mais puxada para o rap, com uma batida dominadora e assumindo uma postura dançante; “O.B.C.T” lembra Prodigy (importante lembrar que a dupla já cantou junto com a banda de Keith Flint). “Top It Up” é um hip-hop envolto em camadas de noise. A dupla já colaborou também com o grupo inglês Leftfield, e isso se reflete na faixa “Flipside”, com uma vertente mais eletrônica. “Big Burt” deixa os instrumentos mais em segundo plano para dar espaço à voz dominante de Williamsom. “Negative Script” é a mais leve do álbum, com um pegada mais funk/dançante.

+++ Leia a crítica de ‘True Believers’, do Young Hunting

Claro que esse pode ser um disco bem denso por conta da verborragia de Williamsom, e quem nunca teve contato com o rap e hip-hop, de uma forma geral, pode torcer o nariz para o álbum. Interessante também é o ouvinte ter um domínio bom da língua inglesa pois os pontos altos de “Eton Alive” são, certamente, as letras. Mas o importante é isso: mostrar que gêneros musicais podem sempre se unir, não há separação entre eles e que música sim pode servir de palanque sonoro.

 


FAIXAS:
01. Into The Payzone
02. Kebab Spider
03. Police Cream
04. O.B.C.T
05. When You Come Up To Me
06. Top It Up
07. Flipside
08. Subtraction
09. Firewall
10. Big Burt
11. Discourse
12. Negative Script


 

 

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