K.U.K.L. foi formada em 1983, quando Ásmundur Jónsson, proprietário do selo islândes Gramm Records, decidiu criar um supergrupo com integrantes de bandas islandesas diversas: Björk (vocalista da Tappi Tíkarrass), Einar Örn (trompetista e vocalista da Purrkur Pillnikk), Einar Arnaldur Melax (tecladista do grupo Medúsa), Birgir Mogensen (baixista da Spilafífl), e mais Sigtryggur Baldursson e Guðlaugur Kristinn Óttarsson, baterista e guitarrista, respectivamente, da banda Þeyr. Tudo aconteceu de forma bastante rápida, com aparição em sessão de rádio, abertur ade show para a banda Crass e, nesse mesmo ano, o lançamento do single “Söngull”, pela própria Gramm Records.
Em 1984, já pelo selo anarquista inglês Crass Records (que também era o nome da Punk com quem haviam dividido o palco), lançam seu primeiro álbum, The Eye, que traz apenas oito faixas. O título é inspirado no livro ‘Story of the Eye’, de Georges Bataille, e um dos favoritos de Björk. As gravações aconteceram no Southern Studios, com produção de Penny Rimbaud, dono do selo. Na sonoridade, são perceptíveis influências do Pós-Punk (batidas tribais, baixo marcante e riffs de guitarra esparsos e dissonantes), elementos de música industrial, experimentalismo e certa atração pela anarquia sonora. A tônica em grande parte das canções são os duetos vocais de Björk e Einar, que voltaria a se repetir nos Sugarcubes. Um dos destaques de “The Eye” é a versão em inglês de “Söngull”, que se tornou “Dismembered”, com uma sonoridade que remete a Dead Can Dance em seus primeiros trabalhos. Outros destaques são as faixas “Let Us Get Rid of The Bomb” e “The Spire”.
Ainda em 84, os islandeses seguem em turnê e tocam em diversos países da Europa. A gravação do show de Paris dá origem ao álbum ao vivo “Kukl á Paris 14.9.84”, lançado inicialmente apenas em K7 e contendo onze faixas.
O segundo álbum, Holidays in Europe (The Naughty Nought), é lançado em 86 também pela Crass Records. O título do álbum e várias canções são inspiradas nas experiências da excursão que fizeram pelo continente. Com algumas mudanças na sonoridade, é um álbum menos experimental e melhor resolvido que “The Eye”, abandonando a pegada Pós-Punk, mas ainda mantendo o clima ora anárquico ora estranho de seu debute. As canções possuem certa teatralidade, marca registrada do grupo também presente no álbum anterior e que seria explorada em trabalhos posteriores da du
pla de vocalistas. Dá pra perceber o potencial do grupo, como na canção “Latent”, em tecem uma trama instrumental para as interpretações alucinadas de seus vocalistas Einar/Bjork. “Copy Thy Neighbour” e “Psalm 323”, por exemplo, são canções que entrariam facilmente no primeiro álbum dos Sugarcubes. Na verdade, a principal diferença entre a K.U.K.L. e o Sugarcubes talvez seja a inserção de elementos mais Pop na segunda. Para esse álbum, foram produzidos videoclipes para as faixas “Outward Flight (Psalm 323)” e “France (A Mutual Thrill)”. O álbum foi relançado posteriormente pelo selo One Little Indian Records.
A banda meio que entrou em hibernação após o lançamento dos segundo álbum, com Einar se dedicando a terminar o curso de Artes na Polytechnic of Central London. Enquanto isso, Bjork seguia adiante com o projeto The Elgar Sisters, projeto com o guitarrista e colega de banda Guðlaugur Óttarsson. The Elgar Sisters chegou a gravar algumas canções que não foram lançadas, vindo a aparecer posteriormente em álbuns solo de Guðlaugur e Bjork. Os outros membros da Kukl, exceto Einar, tocaram com o duo.
Em meados de 1986, a K.U.K.L. encerrou as atividades. Pouco tempo depois a interessante dupla vocal Einar e Bjork se juntaram a Melax, Baldursson, Bragi Ólafsson e o guitarrista Friðrik Erlingsson e formaram o Sugarcubes (Sykurmolarnir), mas essa já é uma outra estória.
PS: Os dois álbuns lançados pela banda estão disponíveis para audição nas plataformas de streaming e são uma ótima oportunidade para conhecer mais sobre o trabalho de Björk e Einar antes do Sugarcubes e carreira solo.
DISCOGRAFIA:
Söngull (Single, 1983)
The Eye (1984)
K.U.K.L. á Paris 14.9.84 (Ao vivo, 1985)
Holidays in Europe (The Naughty Nought) (1986)
O VIDEOCLIPE DE “ANNA”:
O VIDEOCLIPE DE “FRANCE (A MUTUAL THRILL)”:
O VIDEOCLIPE DE “DISMEMBERED”:
O VIDEOCLIPE DE “SÁLMUR 323”:
Bacana resgatar a pré-história do The Sugarcubes… Pra ficar tudo perfeito, seria interessante uma resenha do 1º e clássico álbum da banda – “Life’s Too Good”.
Com certeza o “Life’s Too Good” vai entrar em nossa seção Clássicos.