SOFIE JELL :: Banda lança o EP “Beauty Lies in the Eyes” : OUÇA AQUI


Dois singles, um videoclipe e vários shows dentro e fora de sua cidade natal (Feira de Santana) e o trio Sofie Jell (Lucas Laudano – guitarra e voz, Brunno Mendes – baixo, Leonardo Guimarães – bateria) chega ao seu primeiro EP, “Beauty Lies in the Eyes”, uma homenagem ao Sonic Youth. Contendo quatro canções inéditas, o EP dá prosseguimento a sonoridade apresentada no single de 2017, “Ground”, onde distorções de fuzz a uma cozinha poderosa são a tônica, remetendo ao som produzido no cenário alternativo americano na década de 90.

“Queen” foi o primeiro single do EP apresentado pela banda, ganhando também um videoclipe lançado há poucos dias. Segundo o vocalista Lucas a letra da canção “aborda os conflitos internos, suas aventuras e desventuras em caminho a respostas ou ao menos um refúgio. Uma breve saga a respeito da consciência psicológica das pessoas principalmente com base nos dias de hoje; ansiedade e depressão”.

Fazendo conexão com a filosofia pessimista de Artur Schopenhauer, que definia a vontade como a razão de todo o sofrimento, o vocalista entrega um pouco mais sobre a canção: “‘Queen’ seria o mais próximo da paz interior, o livramento do sofrimento (que de acordo com Schopenhauer só se consegue através do ‘aniquilamento da vontade'”. A faixa foi escrita em um dos períodos mais difíceis na trajetória do vocalista.

Além de “Queen”, o EP traz mais três faixas: “Pissed of(f) Summer”, “Heartless” e “Xilocaína”, conhecidas dos fãs através dos shows. “Beauty Lies in the Eyes” tem lançamento pela Trinca de Selos: Brechó Discos, Big Bross Records e São Rock Discos. A gravação, mixagem e masterização aconteceu no Gato Preto Estúdio (FSA) e ficou a cargo Marcos Ribeiro. A arte da capa é de Luise Pierote. A partir de amanhã estará disponível nas redes sociais da banda.

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SOFIE JELL – Beauty Lies in the Eyes EP (2018)

“Primeiro EP da banda captura de forma competente essência da banda ao vivo”

Quando o grunge se alastrou pelo planeta no início da década de 90 e tomou de “assalto” as paradas musicas, então dominadas por bandas de metal farofa, Michael Jackson e pop descartável, muitos viram com certo alívio o rock voltar a ser a pauta do dia, da semana, do mês e dos anos vindouros. Seattle e vizinhança foram escrafunchados em busca de um novo Nirvana ou Pearl Jam ou Alice in Chains ou Soundgarden. Todo o alvoroço causado fez com que muitas bandas com tendência para o barulho (algumas até mudaram o som) conseguisse, enfim, um contrato, a gravação de um álbum. Até quem não era grunge acabou sendo influenciado pelo furacão que vinha da fria e úmida Seattle e suas camisas de flanela.

Passados quase trinta anos, o trio feirense Sofie Jell carrega em suas canções muitas das referências que moldaram o estilo, com um detalhe: um peso a mais na bateria, seja nas batidas secas da caixa ou na velocidade e precisão, o que remete a outra banda noventista, embora fora do que se pode chamar “eixo grunge”, o Helmet. E nos momentos mais pesados a banda pende para o metal (não tão metal) da banda novaiorquina.

A trajetória da Sofie Jell, nome surgido a partir de um sonho, conforme declarou o vocalista Lucas Laudano, se iniciou com o single “Ground”, lançado em setembro de 2017, e que já mostrava todas as características citadas. Impressionava a boa qualidade da gravação e mixagem, com todos os instrumentos perfeitamente distinguíveis e a voz de Lucas perfeitamente audível e, claro, um arranjo preparado de forma cuidadosa. Percebia-se ali uma espécie de carta de intenções do grupo, o espírito grunge encontrava no sertão baiano um representante que leu a cartilha de forma correta e jogou pra fora o aprendizado, articulação possível graças a capacidade musical de cada um de seus membros através de canções autorais.

“Beauty Lies in the Eyes”, primeiro EP do grupo, traz explícita a referência a um dos ícones da cena alternativa americana dos anos 80 e 90, os novaiorquinos do Sonic Youth, ao utilizar o título de uma canção do álbum “Sister”, de 1987.

Munidos de boas referências a Sofie Jell vai dando vazão a sua veia criativa, que ainda carece de uma maior personalidade, algo que o tempo, as experiências e a vontade de se encontrarem os levarão até lá.

As boas qualidades que já haviam mostrado em “Ground” se fazem aqui. A sonoridade do EP consegue capturar a essência da banda ao vivo e esse é um dos seus méritos, somado a apurada qualidade nos quesitos técnicos. Lucas canta bem e tem feeling, seja nos momentos calmos ou nos de maior explosão.

A abertura com “Queen”, faixa escolhida para single e que ganhou um videoclipe lançado na semana passada, mostra que a banda não se ressente em expor as referências, ao tempo que adicionam elementos diferentes ao arranjo: balanço, repiques percussivos e um timbre diferente na segunda guitarra já no final, algo que poderia ser mais explorado pela banda.

O inferninho noise do SY se mostra presente na memória da banda, dando as caras rapidamente na nirvanesca “Pissed of(f) Summer”, que não descamba para o noise, as dissonâncias ou experimentações da banda de Thurston Moore. A opção é pelo passeio nas distorções noventistas encarnadas em nomes que vão do grunge ao pós-grunge do Bush e Silverchair.

Com poucas concessões ao pop ou ao que se poderia chamar de aceno fácil aos ouvidos, a música do grupo se mostra um tanto difícil nas primeiras audições, principalmente pela falta de algo que conecte o ouvinte diretamente com as canções, seja uma refrão ganchudo ou uma melodia que grude. Nesse sentido, “Heartless”, apesar do título, é a que faixa que poderia tocar tranquilamente nas rádios. Belamente adornada por elementos orquestrados e violão, segue o estilo balada no início para ganhar corpo e distorção do meio para o fim. É a faixa onde a banda se permite arroubos melódicos e que agrega mais elementos, tornando-a também a mais dinâmica.

A explosiva “Xilocaína” fecha o EP de forma coesa com uma avalanche de distorção, dando motivos para empurrar os móveis da sala para o cantos e dançar e pular feito louco, algo perfeitamente de acordo num show, isso se não se depararem com plateias de atitude blasé, algo cada vez mais comum em shows de rock, bem diferente dos longínquos anos 90, quando surfar na multidão era algo recorrente, e que estaria em perfeito acordo com a música que jorra de “Beauty Lies in the Eyes”.

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:: FAIXAS:

01. Queen
02. Pissed of(f) Summer
03. Heartless
04. Xylocaina

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