“Jackie é um passeio superficial na mente de uma das mais importantes primeiras-damas da América”
Jackie é um drama biográfico chileno-franco-estadunidense dirigido por Pablo Larraín, escrito por Noah Oppenheim e estrelado por Natalie Portman (como a personagem-título), Peter Sarsgaard, Greta Gerwing e Billy Crudup.
Natalie Portman recebeu uma justíssima indicação ao Oscar de Melhor Atriz em 2017 por dar corpo e alma a Jackie Kennedy, que tinha apenas 34 anos quando seu marido foi eleito presidente dos Estados Unidos. Elegante e irreparável, tornou-se instantaneamente um ícone, uma das mulheres mais famosas do mundo, com o seu gosto pela moda, decoração e artes amplamente admirado. Portman faz um trabalho incrível, em alguns momentos a atriz se transforma sob nossos olhos na própria Jackie com sotaque e cadência de voz muito carregados, dominando o seu espaço e ditando o tom da protagonista.
Billy Crudup interpreta o repórter Theodore H. White, que a entrevista para a revista “Life” uma semana depois do funeral. Trata-se de um personagem que nunca existiu na vida real. Em verdade, ele representa vários jornalistas e historiadores com quem Jackie interagiu ao longo dos anos. Greta Gerwig faz pequenas aparições como a assessora íntima da primeira dama.
Quem pretende assistir ao filme Jackie esperando ver a biografia da mais famosa primeira-dama norte-americana vai se desapontar. A ideia do filme é retratar os dias que se seguiram à morte do então presidente dos Estados Unidos em 1963, seu marido. Aliás, o título do filme poderia ser: “A morte e o funeral de John Kennedy”, pois a trama enfoca neste fato e não aprofunda nem a vida e nem os sentimentos da viúva.
O roteiro de Noah Oppeheim retrata Jackie como uma mulher cujo controle de sua identidade nunca lhe escapa das mãos, alternando entre máscaras diferentes para suas aparições para a imprensa, público ou funcionários. Jackie só se permite se despir dessas máscaras quando está verdadeiramente sozinha, e são estes raros momentos os mais marcantes da obra.
Jackie é um trabalho pouco sensível e muito raso à voz especulativa que os pensamentos mais profundos de sua protagonista possui sobre casamento, fé e autoimagem. Pensamentos estes que dariam profundas reflexões, contudo o objetivo do filme vem a ser o confronto entre o público e privado dentro dessa personagem tão importante.
A direção de Pablo Larraín constrói planos herméticos sempre simétricos em que Jackie é a figura central da cena. A simetria impecável combina com a frieza dos diálogos.
Pode ser que nem tudo que Jackie mostra seja verdade, como o próprio repórter White pergunta durante uma entrevista: “Quando algo está escrito, isso faz com que seja verdade?”. Talvez por isso Jackie se apresente como um passeio superficial na mente de uma das mais importantes primeiras-damas da América. Apesar disso, o filme vale pela excelente interpretação de Natalie Portman, pela direção de Larraín muito bem executada do começo ao fim e pelo figurino deslumbrante.
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:: FICHA TÉCNICA:
Gênero: Biografia, Drama, História
País: EUA, França, Chile
Duração: 1h40min
Direção: Pablo Larraín
Roteiro: Noah Oppenheim
Elenco: Natalie Portman, Peter Sarsgaard, Greta Gerwig, Billy Crudup, John Hurt, Caspar Phillipson e outros.
Data de Lançamento: 02 de fevereiro de 2017 (Brasil)
Censura: 14 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes
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