SHOW: Hoodoo Gurus em São Paulo
QUANDO: 12 de abril de 2023 (Quarta-feira)
ONDE: Vibra São Paulo – Av. das Nações Unidas, 17955, Vila Almeida
HORÁRIO: 20:30h
ANTECEDENTES DOS GURUS NO BRASIL
A última passagem do Hoodoo Gurus por São Paulo já tinha mais de duas décadas, feita durante a tour de ‘In Blue Cave’, do álbum de 1996. Ameaçaram uma vinda quando lançaram Mach Schau em 2004, mas, por alguma razão, a tour nem chegou a acontecer.
O último álbum lançado no Brasil, porém, foi uma coletânea de faixas ao vivo, chamado Bite The Bullet, lançado em 1998. Ou seja, fazia muito tempo que a banda não era sequer lembrada por aqui.
O Hoodoo Gurus sempre esteve associado ao Surf Rock aqui no Brasil, méritos (ou não) da produtora que os trouxe no passado e agora, a Australian Connection. Ainda nos anos 90, Ricardo Chantilly, empresário por trás do projeto, apresentou um programa na Fluminense FM dedicado ao Surf, esporte que praticava e que o levou a arbitrar fora do país, oportunidade em que conheceu artistas de Rock na Austrália e firmou amizade com alguns dos músicos que trouxe para o Brasil naquela década.
Apesar disso, não devemos confundir o som da banda com algo a lá Dick Dale, Beach Boys ou The Ventures. O Hoodoo Gurus tem suas raízes no Punk Rock, no Jangle Pop, no Rock Alternativo e no Hard Rock.
Há anos não ouço rádios musicais (a programação repetitiva, das mesmas coisas há anos me repele), mas quis sacar qual era o apelo das programações musicais para o show. Quase nada. Exceto por um anúncio aqui ou acolá, e por um ou outro hit do passado, absolutamente nada sobre Chariot Of Gods, álbum de 2022, motivador da atual tour pelo Brasil.
ABERTURA E SOM BAIXO
O primeiro show da nova tour aconteceu numa quarta-feira fria e chuvosa, sem a mínima cara de Rock n’ Roll.
Tudo isso criou em mim uma expectativa de show frio, e casa vazia. Por sorte, eu estava errado.
A abertura ficou por conta da competente VA’a Surf Band, quarteto que animou a plateia presente com covers de surf rocks dos anos 80 e 90 – trilha sonora perfeita para o público presente. Apesar de não ser um projeto autoral, o público parecia sedento de clássicos de bandas como Gang Gajang, Spy Vs. Spy e, claro, Midnight Oil. A VA’a Surf Band surpreendeu não apenas pela qualidade, mas pelo carisma e pela reverência ao estilo contemplado naquela noite.
O Hoodoo Gurus subiu ao palco com um som baixo, comparado ao que a banda de abertura tinha encerrado. Porém, “A Place In The Sun”, a abertura, era entoada a plenos pulmões na plateia. Curioso, já que, ao menos em São Paulo, a música nunca fora um hit de rádio. Diferente de “Another World”, na sequência. Ainda com o som baixo, o hit fez a galera pular e cantar, e a experiente banda já sabia que tinha o público nas mãos.
Diferente dos demais setlists da tour, o show de São Paulo contemplou mais hits do que músicas dos últimos dois álbuns (que não tiveram lançamento por aqui). Mesmo diante disso, arriscaram músicas pesadas e energéticas, como “Don’t Try To Save My Soul”, muito bem recebida pela plateia, e também o momento em que o volume se adequou.
EMOÇÃO, INTERAÇÃO E HITS
A sequência “Out That Door” e a balada “Night Must Fall” foi cantada em uníssono pela plateia, e a banda entregou uma performance emocionada em ambas.
Dave Faulkner, vocalista e guitarrista, interagiu poucas vezes, mas sempre em português. Simpático e sorridente, o excepcional guitarrista Brad Shepherd tocava com a alma, visivelmente empolgado. Mesmo num breve momento em que tiveram uma falha em algum equipamento, a banda não perdeu o bom humor e brincou com seu público, dizendo que “por ser o primeiro show da tour, estavam passíveis de erros”.
A banda desfilou 22 canções, distribuídas pelos sete primeiros álbuns e com quatro faixas do atual objeto de tour. Com um repertório coeso, cheio de hits e com a plateia ganha, o encerramento não poderia ser menos apoteótico do que com a icônica balada “A 1000 Miles Away”.
É surpreendente que uma banda que toca pouco nas rádios, tem pouquíssima divulgação de seus trabalhos recentes e que segue lançando discos tenha proporcionado uma noite memorável em São Paulo.
A SE OBSERVAR COM URGÊNCIA
Ponto negativo para a casa: decadente, com muitas falhas de indicação de entrada e saída, um acesso péssimo e muito escuro para a pista, serviço de bar com péssimo atendimento e estacionamento confuso.
O Vibra São Paulo precisa rever com certa urgência alguns conceitos de recepção de shows.
SETLIST
01. A Place in the Sun
02. Another World
03. Don’t Try to Save My Soul
04. Out That Door
05. Night Must Fall
06. Carry On
07. Tojo
08. If Only…
09. The Right Time
10. Chariot of the Gods
11. Come On
12. I Want You Back
13. Poison Pen
14. Equinox
15. Castles in the Air
16. What’s My Scene
17. Miss Freelove ’69
18. Bittersweet
19. Like Wow – Wipeout
BIS
20. I Was the One
21. Come Anytime
22. 1000 Miles Away
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