Terça parte de uma das bandas nacionais mais interessantes surgida na década de 10 (e também nas últimas décadas) a carioca Ventre (2014-2018) – que tinha em sua formação também o baixista Hugo Noguchi e a baterista Larissa Conforto -, o vocalista e guitarrista Gabriel Ventura lança, enfim, Tarde (Balaclava Records), seu primeiro álbum solo, que conta com a parceria do produtor Patrick Laplan, que além de dividir as etapas de produção também tocou bateria, percussão e baixo no disco.
Muito dos elementos musicais que compunham a música de sua ex-banda seguem aqui sustentados. Natural, considerando que grande parte das composições na Ventre eram de sua autoria. Somado a isso, a forma de cantar quase declamada, as letras de tom confessional e cantadas geralmente em primeira pessoa, a construção dos arranjos repletos de nuances envolventes e que se alternam também estão preservadas, logo difícil a não associação e o encontro de similaridades entre os trabalhos.
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Menos pesado e também menos experimental que seu trabalho de outrora, mas não menos atraente e rico em timbres, Tarde é um trabalho também repleto de minúcias e que busca ao longo de suas nove canções chamar e manter a atenção do ouvinte, seja através da prosa rica em jogo de palavras e figuras de linguagem (“Sonhei que desabava e ejaculava o que nos trava”; “E fui conter um rio com as mãos”), com um conjunto incrível de exposição de sensações/sentimentos; seja nos arranjos que primam pelas variações no andamento e enriquecidos com camadas sonoras que surgem e se vão a todo instante às vezes remetendo a Ok Cumputer, do Radiohead.
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