The Pumpkin Fairies e as origens do Slowdive



Na história oficial do quinteto de Reading, Slowdive, Rachel Goswell, Nick Chaplin, Neil Halstead, Christian Savill e Simon Scott formaram o grupo em outubro de 1989, e permanecem até os dias atuais – incluindo aí o hiato de quase vinte anos (1995-2014). O grupo é dono de uma discografia pequena mas respeitável (cultuada) de quatro álbuns  – incluindo o clássico Souvlaki (1991), que traz o hit “Alison” – e alguns EP’s.

A trajetória discográfica do Slowdive teve início em 1990, com o lançamento do homônimo primeiro EP pela mítica gravadora Creation Records. Mas antes que o Slowdive ganhasse sua formação definitiva (e também sua sonoridade), Rachel e Neil estiveram envolvidos em um outro projeto , o quarteto Indie-Pop The Pumpkin Fairies, cuja formação se completava com o baixista Mike Cottle e o baterista Adrian Sell.

Amigos de infância desde os primeiros anos no colégio, em meados da década de 80, Rachel e Neil tiveram aulas de violão juntos com uma amiga da mãe de Rachel. Foi por essa época que decidiram formar uma banda. Enquanto Neil estava na onda do The Primitives e The Shop Assistants, Rachel era fã de bandas e artistas como Grace Jones, Siouxsie and the Banshees, The Cure, The Mission, Fields of the Nephilim, Ghost Dance, ou seja, conforme a mesma reconheceu posteriormente, estava em uma fase gótica: “Yeah, I really hated all of that stuff [referindo-se às bandas indies da época]. I was a Goth at that point”, revelou em entrevista. Falando sobre o início da parceria musical com Rachel, no documentário feito pelo site Pitchfork, Neil comenta que eles eram os únicos da escola em que estudavam que curtiam os Smiths, e esse foi o elemento comum que os uniu, ao tempo que confirma a fase gótica de Rachel.

Foto da banda The Pumpkin Fairies, pré-Slowdive
Foto rara do The Pumpkin Fairies

Embora seja comumente citado que esse projeto pré-Slowdive tenha sido formado em 1988, em entrevista, Neil comentou que fizeram uma demo quando tinham entre 14 e 15 anos (Neil é de 1970 e Rachel de 1971): “We were like 14 or 15. We did one demo. We did a nice version of ‘Stephanie Says’ by the Velvet Underground. The rest of it I can’t remember, but that was our first attempt at songwriting. It was pretty bad”. Numa outra entrevista Rachel comentou que costumavam usar o nome The Pumpkin Fairies durante os shows: “We started when we were 15 and The Pumpkin Fairies was our giging name around town for a few years”.

Há uma demo de sete faixas que é possível encontrar em vários lugares na Internet que traz a versão do quarteto, citada por Neil, para “Stephanie Says”, do Velvet. A fita traz também outras seis composições próprias, todas de autoria de Neil, e é um item bastante procurado por fãs do Slowdive. Conforme informado no rótulo do próprio K7, a gravação teria ocorrido no dia 02 de janeiro de 1989, no estúdio de ensaios Reading Berks.  A capa traz uma foto de Rachel em preto e branco e com um visual que lembra bastante de Siouxsie Sioux.

Foto da demo tape do The Punpkim Fairies
Foto da demo tape do The Punpkim Fairies

Para essa primeira demo tape, gravaram seis faixas, três em cada lado. Há ainda uma “ghost track”, sem título e não creditada no K7, cuja qualidade de som é bem sofrível, parecendo ser de ensaio. As outras faixas estão com qualidade razoável e é possível alguma identificação sonora. No lado A: “Everything You Breathe”, “Stephanie Says” (a cover do Velvet Underground) e “Fifteen Million Smiles”; no lado B: “You Make Me Feel”, “What Matter With Me” e “Dream On”. Com os vocais divididos entre os dois músicos principais, musicalmente é perceptível uma sonoridade Indie-Pop distorcida que se aproxima das bandas que despontaram em 1986, capturadas na cultuada C-86, compilação em K7 do semanário NME. Exceção para a versão do Velvet e “Whats the Matter With Me”, com sonoridade voltada para o acústico. Parte das cópias produzidas foram dadas a amigos e outra parte vendida durante os shows.

Há uma segunda demo tape do The Pumpkin Fairies, também lançada em 89, com outras três faixas, todas do lado A: “Love Me”, “September Chills” e “Jesus”. Sobre esse segundo K7 há pouca ou nenhuma informação disponível, inclusive se teria sido lançada ante ou após a primeira. Pela sonoridade já mais definida, totalmente na pegada do MBV, tudo indica que pode ter sido após a primeira demo. A faixa “Love Me” chegou a ser regravada pelo Slowdive mas não foi lançada oficialmente. Detalhe: durante a execução de “Stephanie Says”, no documentário do Pitchfork, aparece a imagem referente a essa demo de três faixas e não a de sete, que é a onde a faixa se encontra.

+++ Leia a história da capa do álbum ‘Slowdive’, do Slowdive

O The Pumpkin Fairies chegaria ao fim ainda em 1989, sem ter lançado oficialmente nada. Serviu como uma ponte para o que o duo de vocalistas/guitarristas Rachel e Neil fariam dali pra diante e entraria para a história da música Pop e principalmente para o que viria a ser chamado de Shoegaze. Seria o início do Slowdive.

REFERENCIAS PARA O TEXTO: LosingToday | Cloudberry Cake | Discogs


Previous Letras ácidas e caleidoscópio de gêneros compõem 'Pequena Minoria de Vândalos', de Thunderbird
Next Novo RHCP a caminho e novas do Dry Cleaning, Preoccupations e mais; Ouça

2 Comments

  1. Daniel Rezende
    25/07/2022

    Muito legal essa história!

  2. 26/07/2022

    Valeu, Daniel. Dá pra perceber pouca coisa do que a banda viria a fazer posteriormente, mas é um resgate interessante do DNA do Slowdive e pouco conhecido para muitos. Abraço!

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *