“Guitarras distorcidas e arranjos eletrônicos, fazem ressoar o projeto mineiro de Pós-Punk e Shoegaze”
Parece que o efeito do isolamento social tem aflorado a mente para processos criativos e ao mesmo tempo para desengavetar projetos antigos e fazer acontecer. É o caso dos músicos mineiros Adriano Bê (Drowned Men/Kaust) e Lucas Nascimento (! Slama/ The Us). Que resolveram dar vida a Ecos No Escuro um projeto de Pós-Punk e Shoegaze que mescla elementos eletrônicos com guitarras distorcidas, o groove do baixo e o soco da bateria, para criar uma atmosfera densa, nostálgica e por hora melancólica.
Ambos os músicos nutrem uma paixão pelo Pós-Punk e Shoegaze e assumem essa paixão nos processos de criação. Vale salientar as influências perceptíveis de Echo & the Bunnymen, Jesus and Mary Chain, Ride e Chapterhouse que discorrem pelas oito faixas do debut homônimo, que abre com melancólica “Outros Mundos”, uma canção melódica marcada por ruídos e distorções que contribuem para sustentar a melancolia proposta pela letra que fala sobre existencialismo e as dificuldades de viver em um cotidiano transpassado pela depressão.
Temática que segue pela emblemática “A Noite”, com uma introdução de bateria, elementos eletrônicos e uma guitarra ruidosa. Uma nostálgica mistura dos gêneros já citados.
Ouvir Ecos no Escuro se torna uma surpresa. Estamos diante de álbum temático, ousado e pessoal. Criado de forma bem peculiar devido ao distanciamento físico. O processo de composição deu vida ao virtual. E as canções carregam essa densidade, essa melancolia de dias incertos e confusos.
Mas a grande surpresa do disco fica por conta da canção “Essas Grades” guiada por uma atmosfera densa, elementos eletrônicos e guitarras distorcidas que se aproximam da sonoridade de bandas como Interpol. A letra faz uma narrativa cinematográfica sobre os anseios de liberdade e a busca por identidade: “E eu recuso essas grades/ Que querem me controlar! / E eu não quero ser/ Como as outras pessoas”, diz a letra.
Ecos no Escuro se torna musicalmente envolvente e ao mesmo tempo nostálgico. Uma cinebiografia de uma sociedade contemporânea sufocada pelos próprios anseios, desejos e vontades. Um cotidiano que se repete dia após dia. Um disco produzido totalmente de forma digital e que inova nos processos de composição. E sobre esse processo de criação Lucas Nascimento explica o seguinte: “crio todos os arranjos virtuais em um programa, que inclui a programação de baterias, teclados, baixos, etc”. Analisando esse contexto de produção dá para compreender a estética, sonoridade e timbragem que o álbum propõe.
NOTA: 7.0
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NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Salvalaio: –
Eduardo Juliano: –
Isaac Lima: –
Luciano Ferreira: 6.0
MÉDIA: 6.5
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:: FAIXAS:
01. Outros Mundos
02. A Noite
03. Distante
04. Essas Grades
05. Nada é Real
06. Palavras
07. Em Sua Teia
08. Vai
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