“Visualmente belíssimo, filme se esforça para esconder embaixo de suas frágeis camadas, o vazio argumentativo e a falta de alma”
Contextualizando: esse é o décimo filme da franquia milionária “Harry Potter”, porém como a saga do famoso bruxo se encerrou em 2011, no excelente “Harry Potter e as Relíquias da Morte: parte 2”, este é na verdade apenas o segundo filme do reboot da franquia que começou em 2016 com o interessante “Animais Fantásticos e Onde Habitam”.
Nesta nova franquia, o mundo é quase o mesmo apresentado nos oito primeiros filmes da saga, porém a história se passa várias décadas antes. Como em todo filme de origem, a intenção é apresentar os acontecimentos pregressos, fazendo links com tudo o que aconteceu cronologicamente depois.
Quem acompanhou a saga do Harry Potter, seja nos filmes ou nos livros, sabe que um fato denominado “A Primeira Guerra Bruxa” é citado em vários momentos e os personagens tentam evitar a todo custo que algo do tipo aconteça novamente. Em “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindenwald” começamos a ver como a citada guerra começou a se formar.
Para isso, o filme simplesmente despreza as relações e o desenvolvimento das personagens apresentados no filme anterior. É como se eles tivessem mudado de personalidade e de propósito e ficassem um tanto quanto perdidos e sem real motivação em meio as novas situações propostas.
A constatação é de que o roteiro feito pela renomada escritora J.K Rowling, a mesma autora dos livros de Harry Potter, é extremamente problemático. É um roteiro que não leva a história a lugar algum, apenas faz os personagens se movimentarem em círculos, fazendo coisas inúteis e enfrentando situações desprovidas de qualquer senso real de perigo.
Assim, não conseguimos nem torcer pelo pseudo-herói, Newt Scamander, vivido pelo insosso Eddie Redmayne de “A Teoria de Tudo (2014)” e “A Garota Dinamarquesa (2015)”, não porque o ator seja ruim, muito pelo contrário, mas porque seu personagem é totalmente dispensável para o desenrolar da minúscula história.
Nela, um perigoso bruxo chamado Grindenwald, vivido por Johnny Depp em uma de suas melhores atuações, escapa de uma prisão de segurança máxima e começa a convocar bruxos “de bem” para se juntarem a ele numa espécie de rebelião contra as instituições que regem o mundo bruxo com a finalidade de subjugar os “trouxas”, ou seja, os humanos que não são bruxos. O problema é que metade dessa história só deve acontecer mesmo nos próximos três filmes da franquia, pois neste, o ápice é apenas uma reunião do Grindenwald com seus simpatizantes.
O filme é dirigido pelo cada vez melhor David Yates, responsável pela direção dos quatro últimos filmes de Harry Potter e pelo primeiro “Animais Fantásticos”, e já confirmado como diretor dos próximos três filmes da saga. Ele é o responsável por nos fazer acreditar que aquele mundo realmente existe. O nível de detalhamento e a riqueza do design de produção realçados pela bela fotografia é realmente de encher os olhos.
Para gerar uma empatia maior do público, o filme apela para o saudosismo dos fãs da primeira saga, ao incluir referências a personagens queridos, como a participação do jovem professor Dumbledore, vivido com competência por Jude Law, de “Sherlock Holmes”, e uma rápida visita a escola Hogwarts, por exemplo.
Pena que só a ambientação e o saudosismo não são capazes de fazer um bom filme. Falta energia, falta história, falta criatividade, faltam cenas memoráveis… falta alma.
NOTA: 6,5
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:: FICHA TÉCNICA:
Gênero: Fantasia, Aventura
Duração: 2h14min
Direção: David Yates
Roteiro: J.K. Rowling
Elenco: Eddie Redmayne, Katherine Waterston, Dan Fogler, Johnny Depp, Kevin Guthrie, Ezra Miller e outros.
Lançamento: 15 de novembro de 2018 (Brazil)
Censura: 12 anos
IMDB: Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald
:: Assista abaixo ao trailer:
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