Maria Forslund e Edward Forslund é o nome do duo sueco responsável pelas atmosferas oníricas/fantasmagóricas do Pink Milk, que com “Ultraviolet” chega ao seu segundo álbum. Passaram-se quase exatos quatro anos desde Purple (2017), seu disco de estreia que conseguiu comentários positivos em diversos veículos.
Não mudou muita coisa de lá pra cá, seguem as canções instrumentais intercalando as que tem o vocal de Forslund, e a sensação segue sendo de que as canções foram todas reprocessadas por uma máquina de reverb, como se o álbum tivesse sido gravado em uma grande catedral, aproveitando ao máximo as reverberações que o ambiente pode proporcionar.
Os climas seguem enevoados, densos mas num nível menos soturno e mais voltado para texturas melódicas de guitarras etéreas e vozes que se aproximam do Dream-Pop do Cocteau Twins circa “Pearly-dewdrop’s Drops”, por exemplo, ou das atmosferas fantasmagóricas do Dead Can Dance em sua fase inicial.
“Here Comes the Pain”, um dos singles do novo álbum suga o ouvinte para climas de sonho mas envolve numa letra que transparece a proximidade da morte, é uma das canções mais dolorosas de 2021: “Eu sei que / Esta é a última vez que ouço sua voz / Nesta realidade O amor é dor e tudo está morto / E ai vem a dor / Chama meu nome / O amor é dor e tudo está morto”. E esse é o tema também de “Blue Eyes (River of Glass)”, cujos climas remetem à anteriormente citada: “Chorar / Um rio / De vidro / O amor está morto / O amor está morto /Você não pode orar para afastar / Esta dor”.
Essas atmosferas de dor e escuridão está em todo o álbum, desde a abertura com “Everything Must Die” até o encerramento, com o instrumental glacial de “Sayonara”. Apesar do título dos álbuns, a predileção do Pink Milk é pelos tons monocromático ou preto-e-branco, além de gostarem de covers inusitados, aqui o do tema do filme “O Exterminador do Futuro”.
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