Quatro EP’s e um grande disco que valem cada segundo de audição
O formato EP tem sido o favorito das bandas Shoegaze, principalmente pelas iniciantes, sem tanto repertório ainda, mas com grande vontade de testar a audiência. É uma atitude correta, pois vale muito mais um trabalho com duas a quatro músicas bem-feitas e acabadas que um álbum com dez, das quais nem metade poderia ser bem avaliada. Nesta coluna apresentamos quatro excepcionais EP’s lançados na segunda quinzena de janeiro, mas começamos recomendando um disco cheio, lançado no primeiro dia de fevereiro.
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Ao que parece, o Jōetsu Shore quer rivalizar com o Stomp Talk Modstone no quesito produtividade. A banda, também originária do Japão, lançou um disco completo no primeiro dia do ano e, um mês depois, apresenta o seu segundo disco em 2022. O melhor é que há sinais de evolução. Enquanto Svalbard Calling, de janeiro, era mais experimental, o atual Headspins traz um Shoegaze mais clássico, repleto de reverbs, vocais sussurrados e melodias arrebatadoras, como todo gazer gosta.
Dormition é uma banda do Colorado, nos Estados Unidos, que presenteou o mundo Shoegaze no último dia 22 de janeiro com o excepcional EP 2, em que a delicada voz de Jeane Warner Green se esconde por trás do wall of sound gerado pelo guitarrista Chis Taylor, complementada por uma bateria bem marcada de Andrew Warner. Apesar de ter apenas dois EP’s publicados no Bandcamp, o Dormition é bem mais antigo do que parece. A banda retornou em setembro de 2020 após 19 anos de hiato. E o EP que lançaram naquele ano na verdade foi gravado em 2001 e é seu debut. Tudo porque a vocalista mudou-se para a Coréia do Sul no primeiro ano do século e a banda foi forçada a adiar seus projetos.
Sempre é estimulante para um gênero musical o artista que canta em sua língua pátria, porque traz uma diversidade cultural muito bem-vinda. O Shoegaze está cheio de casos, e a surpreendente banda polonesa Zachwit é um deles. Originários de Oświęcim, os shoegazers do leste europeu fazem um wall of sound moderno e ruidoso, com vocais etéreos e reverb em dose cavalar. É mais uma banda que aposta no formato EP para seu debut, o que se revela um acerto, já que as quatro músicas do trabalho que leva o nome da banda – lançado em 26 de janeiro – são excelentes.
Do Tennessee, EUA, vem o Kything, de longe a banda mais ruidosa das cinco apresentadas nesta coluna. O noise dá o tom nas cinco músicas do EP 254, 110, 152, lançado em 20 de janeiro, e deixa os vocais do faz-tudo Sevan Takvoryan quase imperceptíveis. O interessante é a fonte da inspiração musical que Sevan revela em seu website: pinturas de cores ultra vívidas, arte minimalista, arquitetura contemporânea e a experiência do puro som.
O Basement Revolver é uma das bandas mais queridas da cena Shoegaze do Canadá, e está devendo um disco cheio desde 2019. Mas nesse meio-tempo não ficou parada, lançando vários EP’s e singles. Circles, lançado em 21 de janeiro passado, é seu último trabalho, e traz todas as características que fizeram a sua fama: canções ora mais leves, flertando com o Dreampop, outras mais ruidosas, no estilo Shoegaze clássico.
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