Tributo ao Velvet Underground, ‘I’ll Be Your Mirror’ traz ótimas versões


The Velvet Underground and Nico Cornell University

Tributos ao The Velvet Underground, bandas das mais influentes da história da música, existem vários, entre os que merecem elevado interesse há a ótima compilação Heaven and Hell (Imaginary Records), lançada em três volumes entre 1990 e 1992, e que traz um seleto grupo de artistas e bandas da cena alternativa inglesa e americana daquela época. I’ll Be Your Mirror – A Tribute to The Velvet Underground & Nico (Verve, 2021) é a mais nova homenagem à banda de Reed, Cale, Sterling e Tucker, e embora venha em um único volume, traz nomes de peso da cena alternativa “recente”, num conjunto de versões para o icônico primeiro álbum do grupo, o disco da banana, que vale muito a audição.

I'll Be Your Mirror - A Tribute to the Velvet Underground and Nico cover

Lançado para coincidir com o lançamento do filme de Todd Haynes, I’ll Be Your Mirror traz releituras que se não conseguem superar as versões originais (poucas conseguem essa façanha), oferecem um olhar que se aproxima do original, mas que acrescenta elementos do estilo do próprio artista. Entram nessa categoria as versões em destaque de “I’m Waiting for the Man” (Matt Berninger), “Femme Fatale” (Sharon Van Etten), “Venus in Furs” (Andrew Bird) e “I’ll Be Your Mirror” (Courtney Barnett).

Isso não quer dizer que as outras sejam ruins, pelo contrário, é difícil não se encantar com a parceria entre Thurston Moore (Sonic Youth) e Bobie Gilespie (Primal Scream) para a versão de “Heroin”, ou a riqueza instrumental alcançada por Kurt Ville em “Run Run Run”, versões realmente muito interessantes, mas bem próximas da matriz, assim como “There She Goes Again”, com King Princess. Por outro lado, St Vincent desconstrói “All Tomorrow’s Parties” de forma a torná-la quase irreconhecível numa versão bastante minimalista e que pode fazer os mais puristas se decepcionarem totalmente.

O tributo consegue uma façanha incrível de unir gerações. A presença do sobrevivente Iggy Pop (em parceria com Matt Sweeney), contemporâneo dos nova-iorquinos, numa versão insana e totalmente velvetiana para “European Son”, e dos novatos irlandeses do Fontaines DC – em uma versão apenas OK para “The Black Angel’s Death Song” – na lista de participantes, é algo realmente inusitado. E assim como os irlandeses, o mesmo pode-se dizer da versão um tanto bucólica de Michael Stipe para “Sunday Morning”, originalmente cantada na voz de Nico,  faixa abre o disco. Stipe já havia gravado versões para canções do Velvet no álbum Dead Letter Office: “There She Goes Again”, “Pale Blue Eyes” e “Femme Fatale”, ainda com sua saudosa banda, o R.E.M.

+++ LEIA A CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO THE VELVET UNDERGROUND, DE TODD HAYNES

Diferente de outros tributos, I’ll Be Your Mirror consegue a árdua façanha de não fazer sentir vontade de ouvir as versões originais ao final, e caso a vontade bata, em nada tem a ver com o débito que essas versões possam ter com as originais, já que o tributo é bastante regular e atraente da primeira à última faixa, e os momentos mais iluminados estão aí para mantê-lo até os últimos acordes da última faixa.


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