“White Riot” traz à tona o movimento ‘Rock Against Racism’


White Riot Documentário

Quem assistiu ao documentário Life in 12 Bars, de 2017, biografia do músico Eric Clapton, deve lembrar de uma cena de um show de 1976 que se tornou bastante famosa. O cantor, bêbado, faz um discurso racista e pede apoio para Enoch Powell, político britânico conhecido pelo seu discurso anti-imigração. Nesse mesmo documentário, Clapton diz sentir vergonha de sua atitude mesmo após 40 anos do ocorrido.

Foi contra atitudes como essa de Clapton e de outros músicos, que mostravam certa predisposição para discursos supremacistas, xenófobos, contra imigrantes e negros, e também devido ao crescimento e atitudes do partido de ultradireita National Front e seus seguidores, e mais o aumento das tensões raciais por todo o Reino Unido, que nesse mesmo 1976 foi criado o movimento RAR – Rock Against Racism (Rock Contra o Racismo) liderado por David “Red” Saunders. Uma das primeiras atitudes de Saunders foi escrever uma carta ao semanário inglês NME onde conclamava os leitores a se juntarem a um “movimento comum contra o veneno racista na música rock”.

O documentário White Riot (TRAILER NO FINAL DO TEXTO), dirigido por Rubika Shah, traz à tona as origens desse movimento que se colocou na linha de frente contra qualquer tipo de discriminação, de raça, gênero, sexo ou nacionalidade. O grupo contava com ilustradores, designers gráficos,  fotógrafos e músicos, e tinha um fanzine, Temporary Hoarding, e um lema: “Queremos música rebelde, música de rua. Música que quebra o medo das pessoas umas das outras. Música de crise. Música agora. Música que sabe quem é o verdadeiro inimigo. Rock Against Racism. LOVE MUSIC HATE RACISM”.

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O show inaugural do RAR aconteceu em 1976, com a banda britânica de reggae Matumbi ao lado da cantora de blues Carol Grimes. Através de uma série de shows multiculturais (bandas de Punk, Ska e Reggae) e eventos, o movimento RAR ganhou adeptos e cresceu em todo o Reino Unido, seu momento maior (e também do documentário) aconteceu no dia 30 de abril de 1978, quando uma multidão com cerca de 100.000 pessoas marchou por 11 km, de Trafalgar Square no centro de Londres para um show ao vivo no Victoria Park, reduto do partido fascista Frente Nacional. Um grande show aconteceu com a presença de X-Ray Spex, Steel Pulse, The Ruts, The Clash, Jimmy Pursey (vocalista do Sham ’69) e outros.

White Riot tem cerca de 80 minutos e traz declarações atuais de diversos personagens ligados ao RAR, dentre eles Topper Headon (baterista do The Clash), Dennis Bovell (lenda do Reggae), Pauline Black (da banda The Selecter), David ‘Red’ Saunders e Syd Shelton,  intercaladas com imagens de época e cenas dos shows.

“White Riot” é o título de uma canção do The Clash, lançada em seu álbum de estreia, em 1977. A letra fala sobre a “apatia dos brancos”, na época foi interpretada erroneamente por alguns como de cunho racista, mas desmentida pelo vocalista e guitarrista Joe Strummer, que pretendia na verdade conclamar as pessoas a saírem de seu estado de inércia ante ao que estava acontecendo no país, a tomarem uma atitude, já que a situação econômica era desesperadora principalmente para a classe trabalhadora.

O filme estará acessível no dia 16 de outubro através da plataforma Film Movement, que está associada a diversos cinemas independentes dos Estados Unidos, oferecendo o serviço de compra de produtos cinematográficos.


O TRAILER:

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