CRÍTICA | Rob Crow – Everybody’s Got Damage



O ecletismo e a inquietude de Rob Crow em covers acústicas interessantes

O californiano Rob Crow é um músico inquieto. Mais um artista cuja paixão pela arte nunca pára, sempre está em atividade, repleta vontade de tentar outros ritmos e estilos, uma vontade insaciável de sempre querer mais e experimentar. O artista é conhecido pelo seu envolvimento com bandas como Pinback, Heavy Vegetable e Physics (apenas três foram citadas, porém o currículo de Rob conta perto de umas dez bandas das quais participou).

Como também fica presenciado nesse tempo de pandemia, artistas/grupos não se desligaram de seus campos artísticos. Muito pelo contrário, diversos trabalhos bonitos surgiram, claro que muitos deles divulgados por alavancas e ferramentas digitais, um contato moderno valioso entre artista e seus apreciadores ou até meros curiosos em conhecer um novo artista. Se o músico perdeu um pouco seu chão por conta da falta de atividades externas como shows e festivais, por outro lado pode experimentar novas ideias e até mesmo criar outras alternativas para continuar ligado ao seu trabalho e passar por cada dia de isolamento.

Em Everybody’s Got Damage, Crow optou por um álbum de covers, todas em versão acústica.

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Para quem conheceu o músico dentro do comportamento Pop-Rock galante do Pinback, com certeza sentirá certa estranheza sobretudo pela falta da bateria ou da musicalidade elétrica. Mas isso não impede que faixas como “Anaconda” e “Alice Crucifixes The Pedophiles” tenham um andamento mais veloz e enérgico com o músico extrapolando sua habilidade nas cordas.

Claro que na maioria das canções é o contorno intimista e bucólico que impera, como em “Molly”, que carrega todo um panorama sonoro extremamente enraizado no Folk.

Como todo disco de covers gera no ouvinte a curiosidade, aqui não é diferente. Há de convir que sempre existe um grupo homenageado que o ouvinte sequer sabia da existência. Nomes como Melvins, The Residents, King Crimson e Tangerine Dream podem não soar estranho para muitos, entretanto Rob coloca no álbum alguns nomes um tanto quanto obscuros. “Praha In Spring’ com seus dedilhados incríveis, por exemplo, é de um duo de Prog Rock japonês chamado Ruins. A bela e grudenta melodia de “A Child’s Guide To Good And Evil”, com a voz de Rob cercada de efeitos, é do The West Coast Pop Art Experimental Band, uma banda californiana psicodélica formada nos 60’s.

Um músico e toda sua inquietude, sua capacidade de mostrar uma outra faceta. Mais do que isso, ao homenagear algumas bandas não tão conhecidas hoje em dia, Rob executa todo um trabalho de pesquisa, nos revela todo um acervo que com certeza deve ter contribuído muito em sua formação musical. Um álbum que não vai agradar a todos, em contrapartida soma pontos na carreira do cantor e o faz continuar envolvido com música, por mais sombrios que os tempos sejam.

DESTAQUES: “Alice Crucifixes The Pedophiles”, “A Child’s Guide To Good And Evil”, “Praha In Spring”


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