CRÍTICA | The Killers – Imploding The Mirage


The Killers

Imploding The Mirage é um regresso ao pop dançante dos anos oitenta com ótimas batidas de sintetizadores e mostra um The Killers bem contextualizado com a atualidade e realidade do mundo. 

A banda norte-americana The Killers finalmente soltou o tão esperado álbum novo de inéditas (sexto na discografia), Imploding The Mirage, sucessor de Wonderful, Wonderful (2017). O disco era para sair em meados de maio desse ano mas teve seu lançamento adiado devido a pandemia do novo coronavírus. É o primeiro trabalho da banda após a saída do guitarrista e cofundador Dave Keuning, que se ausentou da banda em 2017, por motivos de bloqueio criativo e para passar um tempo a mais com a família. Detalhe condicional e relevante para a sonoridade que o então trio, Brandon Flowers, Ronnie Vannuci e Mark Stoermer, embarcaram e vem explorando desde Wonderful, Wonderful.

O álbum é estruturado no poder enérgico das dez canções que se entrelaçam para funcionar como uma viagem nostálgica aos embalos dos anos oitenta. Brandon Flowers e Cia. e bebem se abastecem da fonte do Synth-Rock, e segue inspirado por New Order, Bruce Springsteen e até mesmo A-Ha.

Criaram verdadeiros hinos de arena que remetem a grandes canções como: “Mr Brightside”, “Smile Like Mean It” e “Somebody Told Me”, do disco Hot Fuss (2004). A diferença em relação a outras obras da banda é que aqui as canções ganharam um novo contexto e estrutura harmônica, as guitarras foram substituídas por sintetizadores que dão vida a canções para explodir em pistas de danças e arenas lotadas.

Já é possível se contagiar com essa atmosfera retrô da envolvente e dançante “My Own Soul’s Warning”, canção que abre o disco e denota com grandeza e confiança o contexto do álbum, fazendo querer sair pulando por aí, enquanto Flowers canta que “Eu tentei ir contra o aviso da minha própria alma/Mas no final, algo simplesmente não estava certo/Oh, eu tentei mergulhar mesmo com o céu tempestuoso/Eu só queria voltar para onde você está”. Os versos evidenciam a proposta do álbum de contextualizar com a atualidade vivenciada por muitos, onde sentimentos de saudade/solidão batem firme nesses dias sombrios.

“Blowback” desce um pouco o ritmo mas segura bem o balanço oitentista embasado por sintetizadores empolgantes e passa um certo ar otimista e confortante de que tudo pode ser diferente amanhã. Pode ser um regresso pelas vivencias dos integrantes da banda, principalmente de Brandon Flowers. Mais uma canção que faz refletir sobre a vida nesses tempos de intolerância política.

“Dying Breed” é um dos pontos altos do álbum. Uma linda canção. Que se espelha na música de Bruce Springsteen para dizer: “Haverá oposição, não há maneira de contornar isso/Se você está procurando por algo forte e estável/Bem, baby, você encontrou”. O eu lírico ganha formas românticas para denunciar as mazelas de um desgoverno e intolerância política predominante tanto nos EUA como em outros países. Olhando pelo aspecto sentimental, a canção soa como uma conversa clara e aberta entre Flowers e sua esposa.

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O álbum conta com algumas participações especiais como do produtor Jonathan Rado e as cantoras e compositoras Weyes Blood e k.d. lang. Lindsey Buckingham (Fleetwood Mac) assumiu a guitarra na faixa “Caution”. Sobre sua participação, o baterista Ronnie Vannucci explicou em entrevista que a parceria nasceu de um vazio deixado pela ausência das guitarras de Dave.

Talvez devêssemos fazer como o desejo de Brandon Flowers de ignorar a cautela e “queimar essa cidade”, seguindo o que diz a letra de “Caution”, nas palavras do vocalista da banda, uma canção que fala sobre ter os meios necessários para ouvir o anjo que fica no seu ombro, mesmo que ele esteja dizendo algo que você não quer ouvir. Algo que pode estar relacionado a sua mudança de Las Vegas para Utah, visando o bem-estar da família, mas que até interferiu nas gravações do disco. O vocalista não ficou satisfeito com o resultado das gravações em Park City (Utah), e levou as gravações para o estúdio da banda em Las Vegas.

“Fire In Bones” vai ao contrário da proposta do disco, Soa como uma canção mais do mesmo, talvez o ponto fraco do álbum. Ainda assim é o The Killers sendo The Killers. E eles são bons em criar hits. A atmosfera do álbum é reabastecida com as batidas pop oitentista de “Running Towards A Place”.

Incrível como a banda conseguiu trafegar por todos seus álbuns e absorver experiências e influências de cada um deles para construir Imploding The Mirage. Não é o melhor álbum da banda, mas se coloca como um bom álbum de canções revigorantes mantendo o estilo de arena. O trio não explorou novas ambientações, preferiram permanecer no conforto de boas canções Pop, com um álbum muito bem produzido, arranjado e repleto de boas músicas que tem tudo pra funcionar bem ao vivo.

DESTAQUES: “My Own Soul’s Warning”, “Dying Breed”, “Caution” e “Running Towards A Place”

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THE KILLERS – Wonderful Wonderful (2017)


O ÁLBUM:


O VIDEOCLIPE DE “MY OWN SOUL’S WARNING”: 

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