THIS IS US (This is Us, 2016)


“Visceral e emocionante, série convida o espectador a rever sua história”

Por mais que queiramos esconder nossas origens, a nossa carga genética e a influencia paterna e materna são grandes balizadores de como agimos como seres humanos que convivam em sociedade. Os nossos pais têm uma enorme influência sendo ela negativa ou positiva. Existem adultos que por mais que tentem se distanciar de suas origens, sua gênese os faz repetir comportamentos inerentes a sua forma como foram criados.

Partindo dessa premissa, chegou ao Brasil, com um ano de atraso de seu lançamento, “This is Us”, uma das series mais interessantes e com um tom dramático muito pesado. Criada por Dan Fogelman, roteirista americano do sucesso “Enrolados”, da Disney, e do um excelente “Amor a Toda Prova”, a série tem produção executiva de Glenn Ficarra e John Requa. Interessante que, apesar de usar diretores diferentes ao longo dos dezoito episódios (destaque para a atriz Helen Hunt como um dos diretores), pouco se sente essas alterações.

O piloto é um dos melhores já feitos pela TV americana. Já no início, a série apresenta uma citação do Wikipédia que vai permear toda a trama da primeira temporada, ao tempo que apresenta todos os personagens, cujas histórias são contadas a partir do aniversário de 36 anos de Jack Pearson.

Pearson (Milo Ventimiglia) é um marido amoroso e futuro pai, casado com Becca (Mandy Moore), que está grávida, uma mulher de temperamento forte e que é o seu contraponto. Kevin (Justin Hartley) é um ator de sucesso de uma sitcom, beirando os 40 anos, que percebe que sua vida está passando e que este não era o futuro que ele planejava. Kate (Chrissy Metz) é irmã gêmea de Kevin, mulher obesa que nunca conseguiu lidar com o aumento excessivo de peso; e Randall (Sterling K. Brown), um pai amoroso e filho adotivo que passou toda a vida tentando descobrir quem eram seus pais biológicos.

Justin Hartley é o menos favorecido dos atores, já que aparentemente seu personagem tem o arco mais simples da primeira temporada. O público terá mais dificuldade em se familiarizar com seu personagem. Os arcos dele são melhores desenvolvidos quase ao final da primeira temporada e início da segunda.

No núcleo secundário, dois personagens merecem ser comentados e seria interessante poder vê-los mais vezes: William (Ron Cephas Jones) e Gerard McRanney (Nathan Katowski), dois dos personagens mais emocionantes da série, com atuações fantásticas, tem alguns dos melhores diálogos da temporada. Difícil não se emocionar com os dois, suas palavras vão levar os espectadores a pensar muito sobre as situações que passam.

O foco de “This is Us” é basicamente na família, não como uma família de “comercial de margarina”, mas uma família real. Todas as suas alegrias, tristezas, problemas, e como tudo isso impacta diretamente na forma como nos tornamos adultos, que precisam de terapia para tratar traumas passados acontecidos durante toda a nossa formação pessoal. Não existem mocinhos e vilões, apenas pessoas que tem seus “demônios interiores”, e a forma como essas lidam com estes.

A série utiliza vários lapsos de tempo, com muitas idas e vindas. A fotografia é impressionante, retratando com perfeição e simplicidade os espaços onde a história acontece. Desde prédios antigos até carros, tudo aparece com o único motivo de tornar o mais realista possível a narrativa de vida daquelas pessoas. O figurino utiliza calças boca de sino, vestidos longos, maquiagem (muito boa para envelhecer Mandy Moore que muda inclusive a tonalidade de sua voz para registrar a passagem de tempo ) com o uso de barbas e bigodes para representar todos os períodos na vida dos personagens, principalmente de Pearson. O apuro técnico chega a fazer acreditar realmente na passagem de tempo.

Os temas são abordados com uma leveza poucas vezes vista. Temas espinhosos como alcoolismo, pessoas abandonadas pela sociedade, frustração profissional, homossexualismo são apresentados de forma muito sucinta.

Situações desgastantes são apresentadas com muita sutileza. A forma gradual que um dos personagens vai sucumbido ao consumo de substancias psicoativas, por exemplo, foi algo muito bem pensado, para ser mostrado da forma mais leve possível. Podemos citar outros dramas como os altos e baixos do relacionamento de uma mulher obesa, os desafios e traumas de um homem negro bem sucedido. São exemplos de temas pouco explorados em séries.

O fato de uma mulher obesa e um negro terem protagonismo em uma série de TV é muito interessante. Inclusive, Sterling K. Brown saiu vencedor de todos os prêmios que disputou: Melhor Ator Coadjuvante em Séries da TV, no Emmy e Globo de Ouro

Diferente de muitas, “This is Us” é dramática sem ser melosa. Forte e visceral são alguns dos adjetivos dessa belíssima série. Deve ser assistido não como maratona, pois é impossível ficar imune a todos os acontecimentos na vida dessas pessoas, não se emocionar com cada situação vivida por eles. “This is Us” consegue se destacar em muitas tramas por transparecer todos os medos que as pessoas vivem sem cair no clichê do melodrama. Imperdível!

:: NOTA: 9,0

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:: FICHA TÉCNICA:
Emissora (EUA): Fox
Temporadas: 3 (em andamento)
Episódios totais: 18 ( tempo entre 48 a 52 minutos)
Criador: Dan Fogelman
Produtor executivo:Dan Fogelman, Jess Rosenthal, Donald Todd, Ken Olin, Charlie Gogolak, John Requa, Glenn Ficarra, Issac Aptaker, Elizabeth Berger
Elenco: Milo Ventimiglia, Mandy Moore, Chrissy Metz, Sterling K. Brown, Justin Hartley, Susan Kelechi Watson, Chris Sullivan, Ron Cephas Jones, Jon Huertas, Alexandra Breckenridge, Faithe Herman, Hannah Zeile, Eris Baker, Gerald McRaney, Lyric Ross, Kate Burton
Temáticas: Comedia, Drama, Romance
IMDB: This is Us

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:: Assista abaixo ao trailer:

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