Quem nos acompanha sabe que nem todos os discos comentados aqui nessa coluna possuem a mesma força ou carga emocional ou uma historinha curiosa/interessante. Embora, olhando em retrospecto, a maioria dos que aqui já foram comentados possuíam.
Essa explicação não foi com o objetivo de desmerecer ou diminuir a história do vinil do quarteto britânico The Bodines, o qual o tempo tratou de mostrar suas qualidades, inclusive a de ser um álbum “descompromissado”, traduzindo, um álbum que poderia ir pra vitrola independente do humor em que me encontrava, e o resultado era e é sempre o mesmo: os caras sabiam como construir canções melodicamente grudentas.
E esse foi mais um daqueles casos em que a vinda de um disco leva a saída de outro. Não recordo quem foi embora para que o “Played” entrasse em minha coleção. Mas lembro que não possuía informação alguma sobre álbum ou banda. A música que brotou dos alto-falantes de primeira cativou, ao ponto de a troca ter acontecido.
A sonoridade do grupo é um Jangle-Pop com toques sessentistas, logo recheada de dedilhados melódicos, mas às vezes caindo pra um lado Power-Pop e com reminiscências do Echo and the Bunnymen.
Muitos anos depois, vim a descobrir que o The Bodines fez parte da famigerada fitinha chamada C86, lançada pelo semanário inglês NME, onde apresentavam as apostas para aquele ano. Ali estavam: Primal Scream, The Wedding Present, The Mighty Lemon Drops, The Pastels, Soup Dragons, McCarthy, The Close Lobsters e outros nomes emergentes da cena alternativa inglesa, que merecem ser conferidos.
A banda surgiu em meados dos anos 80 com alguns singles, lançados pela mítica gravadora Creation. “Played” é o primeiro e único álbum do grupo, foi lançado pela Magnet Records. À frente da banda, o vocalista e guitarrista Michael Ryan, um dos melhores dessa safra de bandas da C86, que com o fim da banda criaria o Medalark Eleven.
As canções de “Played” sempre que chegam aos meus ouvidos transmitem certo ar de nostalgia, um frescor pop capaz de arrancar um sorrisinho de aprovação para esse conjunto de faixas descompromissadamente boas e, porque não dizer, inesquecíveis. Na dúvida? Ouça “Skankin’ Queens” e “The Back Door” duas das canções cuja introdução de dedilhados melodiosos estão no ápice do melhor feito no Jangle-Pop oitentista.
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:: FAIXAS:
01. Skankin’ Queens
02. What You Want
03. Scar Tissue
04. Tall Stories
05. Clear
06. Untitled
07. Therese
08. Slip Slide
09. The Back Door
10. William Shatner
:: Ouça “The Back Door”:
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