“Marvel’s Spider-Man resgata a tradição dos bons jogos de super-heróis numa roupagem atual e digna de ser contemplada”
A californiana Insomniac Games é uma empresa que, apesar de não causar tanto estardalhaço típico de uma Eletronic Arts ou Ubisoft no mundo dos jogos, está em constante evolução, sempre melhorando e se aprimorando. Notória pela série Ratchet And Clank e Spyro The Dragon, a empresa que fazia jogos exclusivos para a Sony, passou a se dedicar a produções multiplataforma tendo em Fuse (2013) seu primeiro jogo a sair para outros consoles (além do Playstation da Sony). Marvel’s Spider-Man é um projeto ousado da produtora. Além de chegar como exclusivo de peso a pedido da Sony, teria que fazer jus ao famoso herói que, convenhamos, é um dos personagens da Marvel com mais jogos desenvolvidos até hoje. Então, esse era um projeto que poderia deixar a empresa numa situação constrangedora ou colocá-la ainda mais no avanço que vem conquistando.
Primeiro de tudo a observar é a influência que os próprios jogos da empresa causaram para a produção de Spider-Man. As cores, a vivacidade dos movimentos do personagem, os detalhes minuciosos do cenário e a fluidez dos combates (aspectos esses que já eram bem notáveis em jogos da produtora que fizeram sucesso como Resistance: Fall Of Man, de 2006). Em Marvel’s Spider-Man, o jogador não foca apenas no combate, também precisa descobrir pistas em alguns cenários e desenvolver projetos científicos no laboratório do Doutor Octavius. Dessa forma, também existem puzzles interessantes e nunca entediantes, lembrando bastante a força da Insomniac em criar puzzles criativos, como aconteceu em Ratchet And Clank: A Crack In Time (2009).
O retrospecto da empresa só vem acrescentar mais poder a um jogo que nasceu inspirado, traçando bem as características do herói e com muito a se fazer. Muitos trajes para se desbloquear, dispositivos para ajudar nos combates (teias elétricas e bomba de teias), história dos personagens envolvidos, missões secundárias e coletáveis (que passam por fotos dos monumentos da cidade até mochilas escondidas). Isso tudo dentro de uma Manhattan com seu trânsito, pedestres, árvores e prédios de uma forma perfeitamente concebida. Talvez o único ponto negativo seja a repetição de algumas missões de combate ao crime. Seria uma boa que a cidade tivesse outras missões variadas envolvendo, por exemplo, enigmas (a exemplo das charadas para se resolver no jogo Batman Arkham Asylum, de 2009).
A lista de inúmeros golpes oferece ao jogador um combate que foge da linearidade. O nosso querido Aranha pode tanto usar elementos do cenário bem como se valer de vários combos usando a teia ou seus próprios socos e chutes. Ou pode simplesmente ficar empoleirado num poste a espreita do incauto inimigo agindo na surdina.
A esquiva também é peça-chave para se dar bem nas lutas e esse golpe foi bem trabalhado causando no jogador um combate mais técnico e não mecanizado. Alguns tipos de inimigos que surgem mais tarde exigem uma estratégia mais adequada. O sistema de upgrades segue à risca os demais jogos desse estilo: faça missões, colete coisas e vá melhorando os atributos do herói, assim como os dispositivos que ele adquire.
Não apenas o Homem-Aranha, a Insomniac teve o capricho de dar uma igual importância a outros personagens presentes na trama. Tia May, Miles Morales e Mary Jane participam da história e trazem momentos memoráveis, muitas vezes até tristes. Miles e Mary Jane são jogáveis em algumas missões do jogo que exigem agir furtivamente (stealth). Claro que a empresa deixa muitas brechas para um segundo jogo. Os vilões também não deixam a desejar. Apesar de alguns surgirem apenas em batalhas e não figurarem tanto na história, outros recebem destaque porque não eram tão divulgados nas produções do herói (a exemplo do Senhor Negativo). As lutas com esses arqui-inimigos rendem momentos épicos, e muitas cenas são dignas de um filme blockbuster hollywoodiano.
Servido de um bom e competente mapa, o jogo nunca nos deixa perdidos, indicando onde existem novas missões, onde se encontram os coletáveis e pontos de interesse. Tudo é de fácil navegação numa roupagem sandbox habitual dos jogos desse gênero. Mas sair pela cidade se balançando e atirando as teias é igualmente prazeroso para ir observando os detalhes. A versão Deluxe tem 3 DLC’s adicionais para quem deseja ter mais horas de pancadaria e teias lançadas, trazendo mais personagens que geralmente não são lembrados na história do herói em jogos e no cinema (Black Cat, Hammerhead e Silver Sable). O jogador terá também a opção de jogar um Novo Jogo + numa dificuldade ainda mais alta e desafiante.
Marvel’s Spider-Man é mais um trabalho bem feito e detalhado na história da Insomniac. A própria empresa diz que um dos elementos mais trabalhosos na produção do jogo foi exatamente a teia. Ficou bom o trabalho (até quando o inimigo fica preso na parede pela teia o visual é imponente). Caprichado para fãs do herói ou mesmo para jogadores casuais que sequer sabem muito do universo desse personagem da Marvel. Bonito visualmente, de entretenimento eficaz e com a magia de uma produção cinematográfica, Marvel’s Spider-Man é o indício de que há muitas perspectivas para se criar novos jogos com outros personagens da cultura pop.
NOTA: 9,0
:: NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Juliano: –
Isaac Lima: –
Luciano Ferreira: –
MÉDIA: 9,0
:: LEIA TAMBÉM:
HOMEM-ARANHA: NO ARANHAVERSO (SPIDER-MAN: INTO THE SPIDER-VERSE, 2018)
FAR CRY 5 (FAR CRY 5, 2018)
::FICHA TÉCNICA:
Desenvolvedora: Imsomniac Games
Publicado por: Sony Interactive Entertainment
Gêneros: Ação, aventura, sandbox
Duração: 20 a 30 horas para fechar a história, as missões secundárias e completar todos os distritos com 100% (sem somar as DLC’s que conferem mais tempo de jogo)
Classificação: 12 anos
Preço: R$ 179,00 a versão em mídia digital sem as DLC’s (em promoção chegou a ficar por R$ 59,00)
Plataforma: PS4 apenas
Lançamento: 7 de Setembro de 2018
Mais Informações: Marvel’s Spider-Man
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