‘Enola Holmes’ tem tônica adolescente feminista e traz reflexões sutis


Henry Cavill, Sam Claflin, e Millie Bobby Brown em Enola Holmes (2020)

Enola Holmes é um filme de mistério baseado na série literária de Nancy Springer, dirigido por Harry Bradbeer, escrito por Jack Thorne e estrelado pelo super elenco formado por Millie Bobby Brown, Henry Cavill, Sam Claflin e Helena Bonham Carter.

Você provavelmente já ouviu falar sobre Sherlock Holmes, o detetive britânico criado por Sir Arthur Conan Doyle. Aqui a obra conta a história de sua irmã caçula Enola Holmes, uma adolescente que fará de tudo para encontrar a mãe desaparecida e ajudar um jovem lorde fugitivo. A jovem detetive não é uma criação de Conan Doyle. Na verdade, é uma fanfic de 2006 que virou filme no serviço de streaming. Doyle nunca citou nenhuma irmã.

Millie Bobby Brown protagoniza o filme, capturando as alegrias e dificuldades de ser uma jovem mulher na Inglaterra vitoriana. A jovem atriz domina a obra com seu carisma e presença inegáveis. A personagem começa a trama explicando que seu nome, lido de trás para frente, é “Alone”, ou seja, “sozinha” em inglês; afinal, sua mãe a educou para ser independente e não depender de ninguém.

Enola reforça, contudo, que ser sozinha é diferente de ser solitária. Com frases de efeito, é sempre trazido à tona que o futuro depende das escolhas do presente e que é possível ser feliz trilhando caminhos diferentes dos quais a sociedade estabeleceu para as mulheres ao nascer.

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No decorrer da narrativa, Enola segue se esquivando de seus irmãos mais velhos, que insistem em colocá-la no internato e no uso de espartilhos. Henry Cavill da vida a um Sherlock Holmes humanizado e emocional. Aquele que sente orgulho da inteligência da irmã caçula e compreende seus dilemas.

Eudoria Holmes, vivida pela impecável Helena Bonham Carter, é a mãe que desaparece misteriosamente. Uma mulher feminista e determinada a lutar por um futuro melhor para a sua filha e as próximas gerações. Um dos temas que movimenta a trama é a reforma social e o sufrágio feminino, movimentos nos quais Eudoria está profundamente envolvida.

A direção convence com a quebra da quarta parede e tiradas sagazes. O ritmo da produção, levando os personagens à vários pontos diferentes, dinamiza e promove encontros e desencontros que fazem a obra fluir com leveza. Outro aspecto que merece destaque é a trilha sonora que eleva ainda mais o clima dinâmico do roteiro.

+++ Na coluna VI E RECOMENDO, leia sobre ‘A Vida Secreta das Abelhas’, de Isabel Coixet

Enola Holmes é repleto de nuances de drama e comédia, com uma tônica adolescente feminista é um filme gostoso de assistir. Enola não é a donzela em perigo, ao contrário, faz reflexões sutis, porém necessárias para uma geração de meninas cercadas de mulheres maravilha e princesas da Disney.


Enola Holmes - Poster

FICHA TÉCNICA:

Título Original | Ano: Enola Holmes | 2020
Gênero:  Aventura, Mistério, Drama
País: EUA
Duração: 2h03min
Direção: Harry Bradbeer
Roteiro: Jack Thorne, baseado no romance de Nancy Springer
Elenco: Millie Bobby Brown, Sam Claflin, Henry Cavill, Helena Bonham Carter, Louis Partridge e outros.
Data de Lançamento: 23 de setembro de 2020 (Estreia mundial)
Censura: 16 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes

 

 


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