“UM PASSEIO PELO SILÊNCIO GRITANTE SOB UM CÉU CINZA”
Por trás da criação de um ambiente de envolvimento para condução a viagens interiores, a música do quarteto paranaense Terraplana, em paralelo, busca também fazer-nos em contato com o mundo exterior circundante, seja na forma do ronco do motor de um carro ou no sample de uma transmissão de um programa de rádio da BBC. É jogar com antíteses, como construir harmonias vocais delicadas e tirar-nos a atenção com distorções graves e agudas: baixo soando como uma motosserra e guitarras reverberando às alturas como num grito agonizante, um lamento.
A urbanidade está na capa, na frieza do concreto que se eleva do chão e parece querer alcançar as alturas de um céu cinzento, típico de dias chuvosos em que uns querem sair e se molhar e outros preferem apenas deitar.
“Exílio” é uma pequena coleção de recortes de sensações cotidianas com paisagens apropriadas para a reflexão, seja quando as vozes se calam e apenas os instrumentos falam ou quando as vozes falam e os instrumentos parecem querer calá-las.
Entre a melodia que atrai e o esporro que a alguns afasta, a certeza de que há uma mensagem a ser decifrada nos sussurros, soterrados em alguns momentos por uma massa sonora prestes a assumir o controle e borrar todo o encanto milimetricamente desenhado por encadeamentos de notas que reavivam lembranças e remetem a sons de outrora.
Apesar de a viagem durar apenas dezenove minutos, com o tempo em suspensão, ela pode se prolongar por horas, mesmo que isso seja algo apenas na sua mente, mas toda sensação não é única?
NOTA: 7,8
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:: FAIXAS:
01. Intro
02. Ambedo
03. Lamento
04. Interlúdio
05. Virou Crime
06. Fall
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:: Ouça abaixo “Exílio” na íntegra:
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