“Aos nossos fãs e amigos: como R.E.M., e como amigos de uma vida inteira, decidimos colocar um ponto final na banda. Nós vamos embora com um grande sentimento de gratidão e de felicidade sobre tudo que nós alcançamos. Para todos que um dia se sentiram tocados com a nossa música, nossos mais sinceros agradecimentos”
Há dez anos, no dia 21 de setembro de 2011, essa mensagem chocou o mundo da música. Após trinta anos de atividades, o R.E.M, uma das maiores bandas da história do Rock, anunciava seu fim. De forma caracteristicamente discreta, sem brigas públicas ou controvérsias, os heróis do rock independente colocavam um ponto final numa trajetória magnífica de 15 álbuns. A banda que construiu os alicerces da ponte entre o alternativo e o mainstream e que equilibrou integridade artística com sucesso comercial como poucos garantia seu lugar no Olimpo do Rock.
O mais interessante dessa trajetória belíssima é o fato de que o R.E.M. não foi uma banda inovadora. Seu apelo não vinha da rebeldia, de um estilo marcante (embora seja inegável o carisma de Michael Stipe) ou de uma sonoridade revolucionária. O que eles entregavam eram canções melodicamente poderosas, com espírito Punk, letras enigmáticas e alta carga emocional, ornamentadas pela magnífica guitarra retrô de Peter Buck e alicerçadas na simplicidade da “cozinha” de Mike Mills e Bill Berry.
+++ ESSE EU TIVE EM VINIL | Fables of Reconstruction (R.E.M., 1985)
A poesia sublime de Michael Stipe tratava tanto de temas políticos quanto de angústia existencial, deixando amplas margens para interpretação ao invés de empurrar nos ouvidos do público mensagens óbvias ou gritos de guerra. A discrição de Stipe no campo pessoal alimentava sua persona de herói que se esquivava dos holofotes e deixava sua arte falar por ele.
A discografia impecável que vai cronologicamente de Murmur (1983) a Collapse Into Now (2011) é recheada de obras-primas como Fables of the Reconstruction, Document, Automatic for the People e New Adventures in Hi-Fi, além do disco de estréia. Em sua fase underground, em que eram os reis do rock universitário americano, apoiaram uma infinidade de bandas iniciantes e lançaram pérolas como “Talk About the Passion”, “Fall on Me”, “So, Central Rain” e “The One in Love” (que NÃO é uma canção de amor!).
A partir de 1988, quando assinaram com a poderosa Warner, continuaram sua trajetória exuberante com músicas do calibre de “Losing my Religion”, “Drive”, “Everybody Hurts”, “What’s the Frequency, Kenneth?” e “Leave”. Símbolo de profissionalismo, dedicação à arte e ativismo político, o R.E.M. marcou a vida de inúmeras pessoas no mundo inteiro.
* ABAIXO UMA PLAYLIST CAPRICHADA COM NOSSO ‘THE BEST OF’ DA BANDA.
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