SPARKS | A Strip Drip, Drip, Drip


Spaks, foto do duo

“Sparks atravessa décadas criando álbuns que chegam para todas as gerações”

BREVE HISTÓRIA DO SPARKS

A dupla Sparks é formada pelos irmãos Mael (Ron e Russell) e foi formada por volta de 1967, mas somente em 1971 que surgiu o début homônimo, Sparks. Atravessando cinco décadas – os irmãos passam dos 70 anos de idade -, a banda tem uma discografia de vinte e cinco álbuns de estúdio, porém isso não é problema para a dupla, que segue firme e forte sempre atualizada no contexto musical na qual está inserida, mas, claro, sem perder as características que a tornaram famosa.

Criadores de grandes hits lembrados e reverenciados até hoje como “This Town Ain’t Big Enough for Both of Us”, “The Number One Song In Heaven” e “When Do I Get to Sing ‘My Way”, apesar de uma formação notadamente lírica, os irmãos não tem medo de arriscar em diversos gêneros até mesmo no Rock (em 2015, Russell participou do FFS, projeto musical ao lado do grupo escocês Franz Ferdinand).

UM LEGADO DE MUITOS INFLUENCIADOS

E as influências legadas pelo Sparks? Inúmeras poderiam ser descritas aqui, mas que alongariam demais esse texto. Entretanto, podemos citar algumas (tendo por base e pesquisa diversos sites pela internet). O baixista Peter Hook, do New Order, disse que a composição de “Temptation” foi muito influenciada pela canção “The Number One Song In Heaven”; da dupla; Morrissey em entrevistas citou que Kimono My House (1974) é um dos melhores discos de todos os tempos; da mesma forma, o icônico álbum dos irmãos parece ter inspirado bastante Kurt Cobain (Nirvana) quando ele fez a parte das guitarras em “Love Buzz”, faixa de Bleach (1989); Thurston Moore (Sonic Youth) colocou “Equator” como uma de suas canções favoritas; do Eletrônico, passando pelo Rock, Sparks oferece um pouco de sua história musical.

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA DUPLA

Sparks ficou conhecido pela ginástica/elasticidade vocal de Russell: incansável nos vocais, ágil, seja como tenor ou falsete (que é mais comum na sonoridade), o cantor continua genial sobretudo para a proposta da dupla e com os recursos cada vez mais modernos de gravação. Nas apresentações ao vivo, Russell também parece um adolescente e mostra toda uma ginga corporal realizando suas danças e inquietude no palco.

E Ron? Talvez deixe passar aquela sensação de figura tímida e sossegada, a metade do Sparks que cuida dos teclados e de algumas letras. Sempre com seu bigodinho e realizando algumas caretas nos vídeos da dupla, acaba se mostrando até extrovertido. Nas entrevistas, também se solta um pouco e se revela como um profundo conhecedor da música de todos os tempos e de todos os lugares ao relatar suas influências musicais.

Sparks do início de carreira soava adequado ao Glam Rock. Mas não teve problemas em fundir com as tendências que vieram depois, sobretudo 80’ (e pós 80’s): New Wave, Chamber Pop, Art Rock, Synth Pop, Power Pop. Não há uma definição estática, específica.

Em cada trabalho, muitas faixas e diferenças entre elas apesar de explorarem bastante os vocais de Russell. Um fator que pode ter rendido ao duo esse envelhecimento musical coeso e estável, essa adaptabilidade com o tempo, essa forma de conquistar novas gerações e de não perder os fãs antigos. Os álbuns escutados pelos irmãos desde o tempo que tomaram paixão pela música com certeza acabam refletidos em seus trabalhos, entretanto o duo nunca renega a musicalidade da época em que vivem.

AS FAIXAS DE A STRIP DRIP, DRIP, DRIP OUT

O uso do humor e da irreverência é um recurso bem usado pelo Sparks em suas canções. Fazendo brincadeira com a palavra onomatopeia (sim, a figura de linguagem), com muita influência dos Beatles, a dupla canta na lúdica “Onomato Pia”: ‘Onomato Pia came from Rome, had a head of angel hair / Couldn’t speak a word of English, no one cared / Onomatopoeia flowed out everywhere / Pia had a real communication flair’. Porém, quando é preciso falar sério, quando torna-se necessário cutucar verdades, a dupla não se acanha, e mesmo por forma de metáforas ou da ironia criticam o sistema atual. Em “One For The Ages”, uma das candidatas a melhores músicas do ano, Russell canta: ‘Bosses oft deride / I accept their charm / Someday this will change / Experts, they will swarm’.

Um álbum constantemente tomado por ‘lá-lá-lás’, quer seja quando eles formam um bloco compacto, perene e que podem também funcionar como um amplo instrumental (“Lawnmower”), ou quando, logo em seguida, eles dão o ritmo entre elementos eletrônicos e acústicos (“Sainthood Is Not In Your Future”).

Os vocais ganham ainda mais dinâmica quando eles atuam em conjunção com músicas de aspectos circenses/teatrais (“Stravinsky’s Only Hit” e “The Existential Threat”). O encontro da dupla com o Rock não falha: a guitarra marcante que duela com os vocais (“I’m Toast”) e o retorno aos tempos do Glam Rock que (re)descobre e (re)imagina os primórdios do duo (“Self-Effacing”). Ainda dá tempo de colocar o Synth-pop 80’s para os dias atuais (“iPhone”) e de mostrar uma queda da dupla pela latinidade (“Left Out In The Cold”). O disco fecha com “Please Don’t Fuck Up My World” revelando que convidar um coral feminino só fez bem ao Sparks.

VEREDITO

A Strip Drip, Drip, Drip pode não agradar o ouvinte de primeira audição, sobretudo para quem não conhece a dupla. Perto de uma hora de duração, com catorze faixas, a verborragia nocauteante de Russell, a velocidade de algumas faixas e aquela constante vontade de ver as letras na internet, porque nem tudo é de fácil interpretação/audição, pode desanimar alguns ouvintes. Uma obra para ser apreciada aos poucos, bem como a discografia que o Sparks está construindo. Um álbum que traça corretamente a experiência de dois músicos que conseguiram criar uma ponte inabalável para caminhar dos 70’s aos dias atuais sem muitos percalços e ainda confiantes no trajeto.

NOTA: 7.5

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NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Juliano:
Isaac Lima:
Luciano Ferreira:
Marcello Almeida:

MÉDIA: 7.5


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:: FAIXAS:
01. All That / 02. I’m Toast
03. Lawnmower
04. Sainthood Is Not In Your Future
05. Pacific Standard Time
06. Stravinsky’s Only Hit
07. Left Out In The Cold
08. Self-Effacing
09. One For The Ages
10. Onomato Pia / 11. iPhone / 12. The Existential Threat
13. Nothing Travels Faster Than The Speed Of Light
14. Please Don’t Fuck Up My World

 


:: Ouça o álbum:


:: Assista ao videoclipe de “One For The Ages”:

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