CAPITÃ MARVEL (Captain Marvel, 2019)


Brie Larson e Samuel L. Jackson em cena do filme "Capitã Marvel" (2019)

“Com subtextos importantes sobre feminismo e preconceito racial, “Capitã Marvel” acerta nos temas mas falha miseravelmente em sua execução”

O primeiro filme dos Estúdios Marvel com uma protagonista do gênero feminino, tinha tudo para ser excepcional, afinal trata-se da história de apresentação de Carol Danvers, interpretada com competência pela “oscarizada” Brie Larson, sem dúvida a personagem mais poderosa dentre todos os heróis da Marvel, capaz de rachar um planeta ao meio se assim o desejar.

Na história, acompanhamos a protagonista sem memória, vivendo em uma galáxia muito distante e sendo treinada para uma grande guerra. Porém em sua primeira missão acaba sendo abatida e feita prisioneira por seus inimigos que tentam a todo custo reativar as suas memórias perdidas a fim de descobrirem o paradeiro de uma nova tecnologia de locomoção bélica. Algumas poucas memórias ressurgem incompletas e fragmentadas, mas todas remetem ao planeta Terra.

Em uma fuga desesperada, ela decide visitar o planeta de suas frágeis memórias para tentar descobrir o que seu inconsciente esconde, trazendo inadvertidamente os seus raptores no encalço. Acaba descobrindo laços muito mais profundos com os terráqueos do que poderia imaginar.

O roteiro usa o recurso da falta de memória para tentar subverter a fórmula Marvel das histórias de origem, colocando a personagem direto na ação e recorrendo a flashbacks para explicar sua verdadeira origem. Porém se analisado com um maior cuidado, percebe-se que eles só mudaram a ordem dos fatores, a estrutura é exatamente a mesma de sempre. Ou seja, não há nada de novo ou revolucionário aqui.

Uma das melhores sacadas do fraco roteiro é que a história se passa nos maravilhosos anos noventa e o filme faz questão de reconstituir a época usando e as vezes abusando de uma trilha sonora muito interessante, que inclui nomes de peso da época como Garbage, Nirvana, Elastica, Hole, dentre outros queridinhos da música alternativa. Embora esse também seja um recurso de contextualização nada criativo, vai agradar em cheio aos que tem mais de trinta anos.

A referência musical se reflete também nos figurinos. A heroína passa grande parte do filme usando uma blusa da banda NIN (Nine Inch Nails), e uma camisa de flanela, remetendo ao saudoso estilo Grunge. Outras referências da época são transformadas em piada, como a internet discada ou a demora excessiva para carregar um arquivo pelo CD-ROM num computador com o tosco Windows 3.1.

Apesar de se sair bem nesses detalhes, o filme peca em um aspecto fundamental: a direção frouxa da dupla Anna Boden e Ryan Fleck. A primeira meia hora do filme é cansativa e distante do público, no geral as lutas são mal coreografadas, repletas de cortes e confusas com o famigerado estilo de câmera tremida. Nenhuma cena de ação empolga pois não há senso real de perigo e as motivações do vilão servem apenas para justificar as correrias e perseguições e não como um contraponto aos ideais da Heroína. Não existe uma assinatura ou esforço da direção para diferenciar esse filme dos demais filmes do gênero.

O orçamento, apesar de alto, parece que não foi muito bem investido, visto que a maior parte dos efeitos especiais parecem estranhamente datados e alguns beiram o ridículo, com exceção para o excelente efeito de rejuvenescimento do ator Samuel L. Jackson para interpretar um bem humorado e inexperiente Nick Fury.

A sensação é que os diretores e roteiristas envolvidos, não têm a paixão necessária para tratar a personagem com o cuidado e respeito que ela merece, ignorando um material que poderia ser épico e relevante, para fazer um filme medroso e episódico, que apenas cumpre bem a função de ligar os pontos entre alguns filmes anteriores do MCU e o próximo a estrear.

De positivo, ficam algumas cenas divertidas, o saudosismo noventista, um subtexto tímido sobre preconceito de raça e a mensagem clara sobre o autoconhecimento como fator preponderante para o empoderamento feminino.

:: NOTA: 6,5


NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Salvalaio: –
Isaac Lima: –
Luciano Ferreira: 6,0 (Raso e esquecível)

MÉDIA: 6,3


:: LEIA MAIS DE EDUARDO JULIANO: ALITA: ANJO DE COMBATE (Alita: Battle Angel, 2019)


Cartaz do filme "Capitã Marvel" (2019), com Brie Larson, Samuel L. Jackson e Jude Law

:: FICHA TÉCNICA:

Gênero: Ação, Aventura, Sci-Fi
Duração: 2h04min
Direção: Anna Boden, Ryan Fleck
Roteiro: Anna Boden, Ryan Fleck, Nicole Perlman, Geneva Robertson-Dworet, Meg LeFauve, Liz Flahive, Carly Mensch
Elenco: Brie Larson, Samuel L. Jackson, Ben Mendelsohn, Jude Law, Annette Bening, Djimon Hounsou e outros
Data de lançamento: 07 de março de 2019 (Brasil)
Censura: 12 anos
IMDB: Capitã Marvel

 

 


:: Assista abaixo ao trailer legendado do filme:

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