AIR FORMATION – Near Miss (2018)


“Com quase vinte anos, Air Formation mantém-se fiel ao seu estilo sem cair na mesmice”

Matt Bartram, se você é aficionado por dream-pop e shoegaze e nunca ouviu falar sobre esse cara ou sobre algum dos seus projetos musicais, significa que não conhece um dos caras mais prolíficos desse meio musical, em par com um outro chamado Scott Cortez, havendo aí uma lacuna enorme no seu universo de guitarras barulhentas.

Brincadeiras à parte, a história musical de Bartram começa por volta dos anos 2000, quando fundou o Air Formation, seguindo com o projeto You Walk Trough Walls e em carreira solo, retornando então ao Air Formation. Ressuscitada em 2014, a banda lançou EP e agora um novo álbum, passados oito anos desde o ótimo “Nothing to Wish For (Nothing to Lose)”, de 2010.

Nesse ínterim, o baixista Joe Pierce também aproveitou para mostrar seu talento, juntou uma galera e formou a banda I Am Your Captain, que musicalmente segue orbitando pela mesma sonoridade da “formação aérea”.

Essa inquietude, a amizade nunca desfeita – Bartram tocou guitarra no álbum do I Am Your Captain – e a sensação de que juntos ainda podem fazer canções memoráveis, talvez explique o retorno da banda aos palcos e aos álbuns. Muito salutar, uma estatística de quantas bandas surgiram e acabaram dentro desse período de quase duas décadas, não são poucas, e caso o foco seja o gênero em que os sobreviventes do Air Formation estão inseridos, a coisa fica pior ainda.

Desde “Were We Ever Here”, o EP contendo quatro faixas lançado em 2015, mostrava que estavam afiados, restava a dúvida se teriam “peito” para um álbum cheio. “Near Miss” vem com um sonoro “SIM!”.

Mantém intactas qualidades inerentes à banda desde os primeiros trabalhos, seja quando enveredam pelo lado atmosférico de teclados viajados e baixo denso ou quando as guitarras se avolumam e crescem como ondas num êxtase sonoro de envolvimento noise.

Dá pra dividir o álbum em vinte minutos de canções com cadencias mais “rápidas”, no caso as cinco primeiras faixas, e vinte minutos de andamento mais lento, as três últimas faixas. Momento mais rápido ou mais lento, não pense que haverá tempo para os ouvidos “respirarem”, são ondas imensas de barulho incessantes vindo em movimento contínuo, e certo tom melancólico impresso na voz de Bartram, que surge pálida no meio da barulheira dos instrumentos.

Nos momentos mais agitados, destaque para “A.M.” – um dos singles do álbum -, com baixo arrasador e teclados profundos, e “Vanishing Act”, uma típica canção da banda, que poderia constar em qualquer dos seus álbuns mais recentes; pelo lado atmosférico, a longa “Clouds of Orion”, onde melodia e barulho duelam ao longo de mais de dez minutos, com o barulho assumindo o controle ao final, aproximando-se do post-rock.

:: NOTA: 8,5

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:: FAIXAS:

01. Near Miss
02. Vanishing Act
03. God Let Me Down
04. Formation 4
05. A.M
06. Night Chimes
07. Clouds Of Orion
08. Hearing Echoes

 

 

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:: Assista ao videoclipe de “Vanishing Act”:

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