ENTREVISTA | Frabin


Por trás do nome Frabin há o músico multi-instrumentista Victor Fabri, atualmente morando em Florianópolis, Santa Catarina. Victor fez parte da banda Rascal Experience, que chegou a lançar o EP “Bad Luck Experience”, em 2013, e o álbum “Rise”, em 2015. Seguindo em carreira solo como Frabin e gravando em seu home studio, Victor lançou seu primeiro EP em 2014 e de lá pra cá não parou mais. Em 2015 lançou seu primeiro álbum, “Real”, contendo doze faixas, destaque para a ótima “Kids From Outer Space”. Em 2017 lançou o single para faixa “Bad Vibes”, que fazia parte do álbum, e em agosto lançou o EP de quatro faixas “Nope”, todos disponíveis no site Midsummer Madness. Desde o início do ano Frabin tem estado ocupado com a turnê “Bad Boys Tour”, inclusive com passagem por várias cidades do Nordeste, incluindo em Feira de Santana, onde tocou no dia 02 de fevereiro com as bandas Bilic e Iorigun. Nos shows o músico vem sendo acompanhado pelo baixista Lucas Prá e do baterista Eduardo Possa. Com álbum novo prestes a ser lançado, o músico achou um tempo para responder a algumas perguntas sobre influências, motivação, correria da turnê, dentre outras coisas.

Em estúdio você se diz um cara egoísta, no sentido de fazer tudo sozinho, mas ao vivo você tem uma banda acompanhando, o que muda pra você em termos de dinâmica entre o estúdio e o ao vivo? Ainda nessa linha do fazer tudo sozinho em estúdio, quais as facilidades e dificuldades?
R: Ao vivo eu tento sempre adaptar as músicas, fazer algumas mudanças e algumas jams, processos que a banda acaba se envolvendo geralmente na criação. Sobre fazer tudo sozinho em estúdio, pra mim rola muito mais facilidades que dificuldades, você tá sempre a disposição pra fazer algo, não depender de horários de outras pessoas e ter o controle criativo do processo no geral. Acho que uma das poucas desvantagens é ficar meio bitolado durante esse processo, sem opiniões de fora.

Você está em turnê desde o início do ano, a “Bad Boy Tour”, inclusive tocando em vários estados do Nordeste. É a sua primeira turnê? O que poderia nos contar dos shows e como tem sido a recepção, a correria?
R: Essa é a minha segunda turnê nacional, fiz uma no começo de 2016 pra divulgar meu último álbum, o “Real”. Os shows estão sendo muito legais, dessa vez estamos passando por muito mais cidades e numa variedade de eventos incrível, desde shows muito intimistas até festivais grandes, como foi no Guaiamum, em Recife. Essa tour tem sido correria total, muita estrada. Desde o começo de janeiro conseguimos parar mais que dois dias em algum lugar, só em Recife e agora no Rio, de resto era estrada e tocar. Uma das melhores coisas da tour é ver como as pessoas que recepcionam a gente sempre nos tratam bem demais, sempre fazendo o possível pra gente se sentir o mais em casa possível.

Qual a razão para o nome da Turnê: RIP Bad Boys Tour?
R: O nome é em homenagem ao meu carro que foi roubado quando a gente tentou fazer essa tour em agosto.

Há um clima e estética de nostalgia que perpassa seus EP’s e álbum, e até os clips em termos visuais, inclusive remetendo aos anos 80, o que poderia falar a respeito? Os aspectos lo-fi te atraem? O que acha do termo hypnagogic pop?
R: O lo-fi é algo que me atrai bastante, mas de certo modo ele aconteceu organicamente porque, seja por falta de equipamento melhor ou conhecimento técnico, as gravações acabaram saindo como saíram. Sobre o termo (hypnagogic pop) eu nunca tinha escutado, mas pelo que eu vi o que faz as pessoas terem um apelo por isso é um sentimento de conforto em algo que já conhecem ou é nostálgico.

Alguns artistas afirmam que não escutam seus álbuns. Você escuta seus álbuns depois de todo o processo finalizado? Se sim, qual a percepção?
R: Sim, eu me escuto bastante. Na verdade, acho que o que mais me leva a fazer música é a vontade de escutar algo que ainda não exista, então meio que não faria sentido se eu não me escutasse. Mas eu acabo escutando mais minhas demos das ultimas músicas compostas do que os últimos álbuns lançados. Eu preciso de um tempo sem escutar porque como eu fiquei muito tempo trabalhando na produção deles acaba ficando meio saturado, mas depois de alguns meses eu já escuto de boa.

Tem alguma faixa específica que resume de forma perfeita todo o conceito musical de Frabin? Nós achamos que “Kids From Outer Space” tem qualidades para isso. E você?
R: Se formos mais atuais acho que “Dreamy State” junta a vibe do começo do projeto e o que ele esta se tornando.

Fazer música, gravar e distribuir parece algo bem mais fácil atualmente do que antes. Os artistas hoje até parecem mais “próximos” de seu público, devido as redes sociais. Ao mesmo tempo, os espaços nas mídias convencionais continuam inexistentes. Como você analisa esse cenário?
R: Esse cenário facilita muito pro artista fazer a sua música, porém a falta de acesso a grandes mídias e uma cena mais forte impossibilita demais o artista a querer viver apenas de música. São casos muito raros onde acontece, acho que por isso muita gente que não acompanha tanto a cena musical underground acha que falta música boa no Brasil, sendo que a produção de coisa nova e de qualidade hoje em dia provavelmente é maior do que em qualquer época.

Qual a força propulsora que leva Frabin adiante, considerando as adversidades que qualquer músico independente enfrenta aqui no Brasil?
R: A força propulsora é a minha vontade mesmo.

Compor é uma das coisas que eu mais gosto nessa vida, então é algo que vai continuar rolando por muito mais tempo provavelmente.

Você demonstra ser um cara bastante focado no que faz, viver de música ainda é um sonho ou já parece algo mais “palpável”?
R: Viver de música é algo que eu já desisti há um tempo e isso foi uma das melhores decisões que eu já tomei, por que no fim ela só traz frustração pro artista. Se você for fazer o corre na esperança que algum dia ele traga algum retorno financeiro ou você vai acabar desistindo ou continuar e se frustrar. Se você for realista, no cenário atual do Brasil, isso acontece com muito poucos artistas que tem um apelo mais popular, coisa que eu não tenho. Então o meu negócio é fazer música porque eu curto mesmo, o dinheiro a gente corre atrás de outras maneiras.

Quais bandas nacionais e estrangeiras você considera que estão próximas musicalmente de Frabin?
R: Nacionais eu posso citar Marrakesh e Iorigun. Internacional, acho que Roosevelt, Beach Fossils, Unknown Mortal Orchestra.

Algum artista com quem você gostaria de trabalhar se pudesse fazer essa escolha? Por quê?
R: Acho que Daft Punk, Tyler the Creator ou Julian Casablancas, porque é uma galera que eu acho que sairia um resultado foda uma produção conjunta, além de me inspirarem bastante.

Você lançou no ano passado o EP “Nope” e tem tocado algumas faixas novas nos shows, quais os planos para o futuro em termos de lançamentos?

R: Esse ano sai álbum novo e por enquanto é isso só. Ainda tenho que organizar todo o processo de lançamento e clipes, mas por hora é isso.

Fique à vontade para deixar uma mensagem para os leitores do Urge! e para seus fãs.

R: Aos leitores do Urge que curtem meu trabalho, saibam que eu fico muito agradecido e espero que vocês possam acompanhar por muito mais tempo, por que ainda vai sair muito coisa maneira!

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