“Distante das companheiras de banda, mas não distante do talento”
Seria injusto dizer que a melhor coisa do primeiro álbum solo de algum(a) cantor(a) famoso(a) é não exigir muito dele(a)? Claro, pelo conceito injusto de muitos ouvintes, artistas de renome não podem errar. Entretanto, é até sensato dizer que fora de sua banda o artista pode ousar, tentar outras sonoridades, experimentar. A marca indelével está ali, de qualquer forma. A sua voz e genialidade continuam intactas. Creio que o sucesso ou mesmo o fracasso de sua tentativa solo não deva interferir no próximo trabalho de sua banda (caso haja continuidade). TT é o nome usado por Theresa Wayman, a líder e vocalista do Warpaint, uma das bandas mais comentadas dessa década.
A genialidade e vontade de Wayman vêm desde sua infância, quando aos 10 anos aprendeu a tocar piano. Aprimorou essa vontade de aprender, de se ligar na música e tomou gostou pela guitarra, baixo e até bateria. Em ‘Lovelaws’, ela praticamente toca todos os instrumentos, mas a guitarra (seu instrumento no Warpaint), apesar de discreta e sutil, surge brilhante no dedilhado oportuno para os instantes finais de ‘Dram’ e funciona em sincronia com a base eletrônica que envolve a climática ‘Mikky’.
‘Lovelaws’ assume uma faceta mais eletrônica. A cantora explora batidas, samples, efeitos e não tem medo de trazer uma sonoridade ora atual ora influenciada bastante pelos 90’s.
Muito interessante como Theresa consegue trazer ecos do gênero trip-hop para 2018 e relembrar bons tempos de quando ouvíamos o gênero lá nos 90’s. Não estaria mentindo se argumentasse que ‘I’ve Been Fine’ é algo que o Portishead ou Bjork poderia compor facilmente (mesmo vale citar para ‘The Dream’). Sem perder sua postura vocal, com os mesmos truques que usa em sua banda, é encantador ouvir as vozes e sussurros que permeiam a candura melódica no downtempo condutor de ‘Love Leaks’ (uma das melhores do álbum). O Gospel também dá as caras na belíssima abertura de ‘Tutorial’. A voz de Wayman e o instrumental vão crescendo progressivamente até atordoar o ouvinte com um refrão grudento. A linha de baixo presente em ‘Take One’ é hipnotizante e mais uma vez fica provado que o pop-rock se dá bem com a eletrônica. ‘Too Sweet’ é a faixa que mais faz lembrar do Warpaint.
Produzido no próprio estúdio da casa de Theresa, o disco também contou com a colaboração de seu irmão Ivan e de Money Mark (bem conhecido por trabalhar com Beastie Boys). Em entrevista, a cantora disse que não abandonou, de forma nenhuma, sua banda. Inclusive, o Warpaint já segue para estúdio em breve para o lançamento do quarto álbum. Em ‘LoveLaws’, a cantora quis expressar mais sua introspectividade, explorar mais temas como maternidade, romance e solidão. Dessa vez, o talento pesou e não atrapalhou o trabalho solo do artista, como de forma alguma atrapalhará em sua banda, muito pelo contrário, acrescentará mais experiência.
:: NOTA: 7,8
:: FAIXAS:
01 – Mykki
02 – I’ve Been Fine
03 – Love Leaks
04 – The Dream
05 – Tutorial
06 – Dram
07 – Safe
08 – Sassafras Interlude (feat. Ludivine Anneliz)
09 – Take One
10 – Too Sweet
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