‘Rush – No Limite da Emoção’ aborda Fórmula 1 em filme acima da média


Em 1976 eu tinha menos que 4 anos. Não me lembro de muita coisa da TV, mas conforme cresci, fui ouvindo pessoas mais velhas falando sobre o tão comentado campeonato de Fórmula 1 daquele ano. Nunca fui um fã do esporte, e mesmo ali, nos anos 80, não fazia tanta questão de acompanhar as temporadas e sequer sabia o nome dos pilotos. Contudo, ‘Rush’ é um filme muito bom para quem é fã (ou mesmo não é) da F1 por uma série de elementos que contribuem para uma produção acima da média e por manter uma biografia coerente de dois pilotos importantes do famoso esporte.

Em sua filmografia, o diretor Ron Howard tem seus momentos brilhantes como tem seus desastres cinematográficos. Ele conseguiu realizar filmes impecáveis como ‘Uma Mente Brilhante’ (2001), entretanto, há películas fracas como ‘O Código Da Vinci’ (2006). O que torna ‘Rush’ digno de merecimentos é a recriação de uma época e tratar de um esporte que no cinema ainda está em débito. Mais do que isso, a película mostra um tempo em que paixão, profissionalismo e rivalidade sadia eram mais praticados do que hoje em dia, onde a propaganda, o capitalismo e a tecnologia ofuscaram alguns torneios.

O filme gira em torno do duelo acirrado entre o inglês James Hunt e o austríaco Niki Lauda. Claro que o antagonismo de ambos cai não só para as pistas, e sim, pelo modo de viver de cada um. Hunt é o tipo do bon vivant, um praticante da vida hedonista. Lauda por sua vez é aquele bom marido, sério e dedicado extremamente ao esporte.

Chris Hemsworth tenta dar vida à figura lendária de Hunt, e também fugir do estigma ‘Thor’ no qual ficou mais conhecido. O destaque mesmo é Daniel Brühl que traz o melhor de Lauda e mostra o lado mais humano de um atleta que, talvez, não tenha recebido tanto reconhecimento no mundo da F1 em geral.

ATENÇÃO: SPOILERS

Além da estética cinematográfica, uma das atrações do filme é despertar nossa sinestesia. Howard brinca com os sentidos e as sensações do espectador. O barulho dos carros, a chuva que toma conta da última corrida, e mesmo nos momentos mais trágicos (após a queimadura de Lauda) somos sensibilizados em cada cena do filme. Lauda no hospital recebendo tratamento dos médicos (aqui o repugnante torna-se sensacional) e até quando ele coloca o capacete por sobre seu rosto queimado sentimos a agonia e o terror que é estar em algo tão perigoso. Detalhe para a cena da primeira corrida de Niki ao sair do hospital onde a tela fica embaçada e novamente, o telespectador se sensibiliza percebendo o sacrifício e a obsessão de vencer do piloto. Parece que realmente estamos no carro passando pela mesma angústia.

+++ Leia a crítica de ‘A Guerra dos Sexos’, de Jonathan Dayton e Valerie Faris 

‘Rush’ pode não ser um dos melhores filmes de 2013 porque as opções cinematográficas foram muitas. Há falhas para alguns minuciosos e totalmente fãs do esporte, mas são aceitáveis. De qualquer forma, esse é um dos filmes mais interessantes sobre automobilismo dessa década. Com narrativa atraente, dando vida a um fato esportivo comentado até hoje e por trazer detalhes de uma época e seus costumes de uma forma nada trivial, ‘Rush’ merece uma conferida.

R.I.P. Niki Lauda (1949-2019)


FICHA TÉCNICA:

Gêneros: Cinebiografia, Drama, Esportes
Duração: 122 minutos
Direção: Ron Howard
Roteiro: Peter Morgan
Música: Hans Zimmer
Elenco: Chris Hemsworth, Daniel Brühl, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara e outros
Data de lançamento: 13 de Setembro de 2013 (Brasil)
Censura: 16 anos
IMDB: Rush

 


 

Previous 'Ripples' marca retorno de Ian Brown em álbum pouco empolgante
Next 10 PERGUNTAS PARA EARLY MORNING SKY

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *