‘No One Can Ever Know’ é o disco coeso e conciso do The Twilight Sad



Reduzidos a um trio, os escoceses do The Twilight Sad retornam com disco novo, a ser lançado no dia 06/02 pela Fat Cat Records. No percurso entre “Forget the Night Ahead” (2009) e esse “No One Can Ever Know” o grupo perdeu o baixista Craig Orzel, um dos fundadores da banda. Perderam também as densas camadas de guitarras em prol do uso mais recorrente de camadas de teclados e efeitos de sintetizadores, que na verdade sempre estiveram presentes, mas como coadjuvantes. Agora eles assumem papel principal na maior parte das canções.

Dispostos desde o começo a tomarem um caminho diferente, foram pra Londres e convidaram Andrew Weatherall para assumir a produção, que acabou mesmo como assistente.

Andy MacFarlane explica a mudança na sonoridade: “Queríamos ser muito mais espontâneos, sair de nossa zona de conforto, não ficar nos repetindo naquilo que já fizemos”. Entregam assim um álbum denso, melancólico e, como não podia deixar de ser, com altas doses de raiva contida, que se torna consistente nos vocais emotivos de James Graham e seu sotaque com pronuncia acentuada da letra ‘r’, uma das marcas registradas do grupo.

Ao prestar atenção nos arranjos percebe-se de pronto a opção por bastante espaços vazios, como na faixa “Nil” ou “Not Sleeping”, sendo a voz de Graham o guia.

De várias formas, nos fazem lembrar o que aconteceu com o Editors em “In This Light and on This Evening”, ao apostarem mais fortemente em sintetizadores em detrimento das distorções. Mas enquanto no álbum do Editors há uma sensação de “aprendizado” do uso dos elementos eletrônicos e por isso às vezes soe um tanto cru, aqui as coisas se encaixam em seu devido lugar, mesmo em arranjos simples como de “Another Bed”.

Como os outros discos da banda, “No One Can Ever Know” tenta nos arrastar pelos caminhos mais tortuosos da vida, repletos de incômodas lembranças estilhaçadas, personagens desajustados e medos inconscientes.

Pode não ser o melhor disco do The Twilight Sad, mas é conciso e coeso em suas nove canções, cada uma com personalidade própria. Sobressaem-se “Sick” (ótima) e “Alphabet” (desesperadora).

O resultado é satisfatório, a aventura foi salutar.

:: NOTA 7,7


:: FAIXAS:

01. Alphabet
02. Dead City
03. Sick
04. Don’t Move
05. Nil
06. Don’t Look At Me
07. Not Sleeping
08. Another Bed
09. Kill It In The Morning

 

 

 


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