‘Smother’ e a domesticação da selvageria dos Wild Beats


 


“Albatross”, a primeira canção de Smother, novo álbum do Wild Beasts a circular pela rede, já prenunciava o que estava por vir no novo álbum desses ingleses que conquistaram corações com Two Dancers, um dos melhores álbuns de 2010.

Smother é o terceiro álbum do grupo e segue por um traçado próprio, à parte dos dois álbuns anteriores do grupo. Analisando o crescimento da popularidade do Wild Beasts com Two Dancers, seria um tanto óbvio que tentassem repetir a fórmula de canções como “The Fun Powder Plot” ou “We Still Got the Taste Dancin’ on Our Tongues”, mas Hayden Thorpe e seus amigos preferem construir um álbum que quase pode ser considerado a antítese de seu antecessor.

Enquanto lá as canções pareciam ser construídas a partir de fragmentos, aqui elas tomam uma melodia inicial como ponto de partida, a urgência dos riffs e vocais desesperados dão lugar a andamentos mais lentos, melodias ao piano e um cantar quase sussurado, bem distante das também das peripécias vocais (que era um dos charmes) do seu álbum de estreia.

Isso dá a Smother sentido de homogeneidade maior, com poucas oscilações ao longo do percurso, uma densidade que pode causar certa estranheza e até decepção àqueles que se acostumaram com “o passeio divertido e cheio de surpresas” que foi Two Dancers.

Fica a pergunta: estariam as “bestas selvagens” domesticadas?


FAIXAS:
01 Lion’s Share
02 Bed Of Nails
03 Deeper
04 Loop The Loop
05 Plaything
06 Invisible
07 Albatross
08 Reach A Bit Further
09 Burning
10 End Come Too Soon


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