“Truman é uma enternecedora e ligeira elegia a solidão, à mágoa e a nostalgia de bons momentos”
Um retrato singelo e sincero sobre os laços de amizades em seu contexto mais íntimo e bonito. Conexões que construímos ao longo da vida que nos ajudam a definir os sentidos que traçamos da vida e da morte. O sentimento de amizade é o condutor para o diretor espanhol Cesc Gay criar seu enredo no longa-metragem Truman.
Na trama, acompanhamos Julian (Ricardo Darín) um ator separado que vive sozinho com seu fiel amigo, seu cão Truman. Julian enfrenta as adversidades do câncer. O desgaste físico e emocional de encarar tratamentos que apenas vão prolongar por um tempo sua vida, fazem Julian dar um basta a isso tudo e viver o tempo que lhe resta da melhor maneira possível. Uma das suas preocupações é arrumar alguém para cuidar de seu fiel amigo Truman que o acompanha a muitos anos.
Sabendo dessa decisão de seu amigo, Tomás (Javier Cámara) decide fazer uma visita inesperada para seu grande amigo de muitos anos que há muito vê. Durante quatro dias os dois amigos, mais Truman, irão viver e compartilhar de momentos emocionantes e cômicos.
Apesar de ser uma história simples e muito já contada por outros filmes do gênero, o roteiro inspirado de Cesc Gay, munido de cenas emocionantes e cômicas, acaba quebrando uma série de clichês de filmes do gênero, que por hora faz refletir sobre as questões de existencialismo que derrubam os paradigmas e estereótipos sobre a amizade entre dois homens. Muito disso se deve a tamanha fluidez das atuações de Ricardo Darín e Javier Cámara, que conseguem conectar o espectador com as emoções dos protagonistas. O sincronismo entre os dois gera empatia e é algo bonito de se ver. Uma amizade verdadeira, pura, onde não há espaço para cobranças e sim para o verdadeiro amor.
Outro aspecto que precisa ser destacado no filme são os enquadramentos, que dão ênfase e fortalecem os diálogos entre os dois amigos. O que torna a relação mais viva e recheada de pensamentos filosóficos, seja por passeios no parque ou na árdua jornada de encontrar um dono para seu fiel cão Truman.
Truman é um longa que carrega em seu contexto uma aura pesada e sombria, algo que se fortalece pela doença de Julian e sua decisão perante a mesma. Mas nem por isso perde sua harmonia de sorrisos estampados no rosto ou em momentos hilários e cômicos que despertam inúmeros sentimentos. Sempre destacando o elo de amizade que fortalece a vida e ameniza o sofrimento de dias árduos.
Cesc Gay entrega um filme envolvente e repleto de questionamentos, um deles paira sobre a escolha do título do filme. Truman é um cão dá raça boxer que é como um filho para Julian. Um cão de olhar cansado e triste que acompanha os dois amigos durante esses quatro dias e entrega algumas cenas divertidas e outras profundas sobre a morte. Truman acaba sendo um elo para os diálogos e entendimentos de decisões tomadas por ambos amigos. Truman é bem mais do que um cão apático e figurante, ele é a personificação da amizade, fidelidade, companheirismo e da reciprocidade.
A estreia de Truman na Espanha em 30 de outubro de 2015, aconteceu em 140 salas de cinema e alcançou 300 mil espectadores até a segunda semana de exibição, o que fez com que os distribuidores locais ampliassem o circuito para 225 salas na terceira semana. O longa recebeu o Prêmio Goya de Melhor Filme.
Truman é um filme sobre amizade em sua forma mais pura e verdadeira daquelas que perpetuam pela eternidade. Com uma atmosfera envolvente e inteligente que abordam temáticas sobre a vida e a morte e a aquele sentimento de perda que ela carrega consigo. Um longa que de forma simplista e bela deixa a mensagem de que o sentido da vida pode estar nas pequenas coisas como um abraço, uma conversa com um amigo ou até mesmo em olhares de cumplicidade.
NOTA: 8.0
NOTA DOS REDATORES:
EDUARDO JULIANO: –
EDUARDO SALVALAIO: –
ISAAC LIMA: –
LUCIANO FERREIRA: –
MÉDIA: 8.0
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:: FICHA TÉCNICA:
Gênero: Drama, Comédia
Duração: 1h48min
Direção: Cesc Gay
Roteiro: Tomàs Aragay e Cesc Gay
Elenco: Ricardo Darín, Javier Cámara, Dolores Fonzi,Troilo, Eduard Fernández, Alex Brendemühl e outros
Data de Lançamento: 14 de abril de 2016 (Brasil)
País de origem: Espanha/Argentina
Censura: 12 anos
Avaliações/Informações: IMDB | ROTTEN TOMATOES
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