Duster, a banda cult que você (provavelmente) não ouviu


Foto da banda Duster

Sou fascinado pela história de artistas/bandas que são redescobertos e fazem sucesso muitos anos depois de morrerem ou encerrarem suas atividades. Quem não se emocionou com o documentário sobre Rodriguez, o trovador americano do início dos anos 1970 que fez alguns discos obscuros, encerrou a carreira e foi achado 40 anos depois por fãs da África do Sul (onde ele era ídolo e não sabia) que achavam que ele estava morto? E o que dizer da trajetória de artistas como American Football, Slint, Big Star, Slowdive, Bikini Kill e Nick Drake, muito mais famosos hoje do que quando gravaram seus melhores discos?

Um dos casos mais emblemáticos é o da banda Duster, um trio da Califórnia que fez alguns discos no final da década de 1990 que não tiveram repercussão alguma. Eles encerraram as atividades em 2001. Num processo lento de boca a boca a obra do grupo foi sendo descoberta e um culto foi crescendo, alimentado principalmente por jovens eram recém-nascidos quando o trio se separou. O hype se tornou tão grande – com os escassos vinis originais sendo vendidos a preços astronômicos – que a gravadora Numero Group promoveu um relançamento dos álbuns em 2019.

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Em 2018, Clay Parton, Canaan Amber e Jason Albertini decidiram voltar para shows e acabaram lançando um ótimo álbum homônimo de inéditas no final de 2019. Além disso, uma coletânea do projeto paralelo Valium Aggelein foi lançada e aclamada pelos críticos em 2020. Hoje em dia, o grupo tem mais de 600 mil ouvintes no Spotify e se tornou um ícone do Indie Lo-Fi.

O que posso dizer pra vocês é que fiquei estupefato e maravilhado logo de cara com a mistura única de Slowcore e Space-Rock orquestrada por eles e posso garantir que não existe nada remotamente parecido. Os vocais são quase inaudíveis, as guitarras entregam timbres peculiares e uma infinidade de efeitos (os caras são verdadeiros geeks de estúdio) criam uma atmosfera escapista e convidativa que inebria os sentidos e, posso garantir, proporciona uma experiência viciante para quem supera a esquisitice inicial.

E, vamos combinar, quer sensação melhor do que descobrir um tesouro escondido, uma banda que parece ser só sua, e ainda compartilhar com os amigos?

O documentário “The Story of Duster” narra a história da banda com um apanhado de imagens, você pode assistir clicando AQUI.

ÁLBUNS:

:: Stratosphere (1998, Up Records)
:: Contemporary Movement (2000, Up Records)
:: Duster (2019, Muddguts)


Duster ao Vivo no The Regent Theater

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6 Comments

  1. Nilson Almeida
    19/05/2022

    Feliz por ver um blog brasileiro falando sobre Duster! Há uns 5 anos atrás, conheci Helvetia e simplesmente viciei no som da banda. Não era parecido com nada que eu já tivesse ouvido. Pesquisando sobre a banda, acabei encontrando Duster, que desde então se tornou minha banda preferida. Simplesmente genial. Ainda que seja um som melancólico, de certa forma me ajuda a fazer as pazes com a minha própria tristeza. Nunca ouvi nada parecido com Duster, e, ainda assim, as músicas sempre me soaram extremamente familiares. Nunca conheci ninguém que conhecesse a banda, e as poucas pessoas para quem mostrei o som não deram bola. Acaba que Duster ficou sendo algo “só meu”, como você citou.

  2. 19/05/2022

    Que legal, Nilson. Duster, assim como quase todas as bandas classificadas como Slowcore/Sadcore tem essa veia melancólica que afasta alguns e atraem outros. É o caso do Red House Painters, por exemplo. O Duster é aquela banda do rol daquelas a serem descobertas. Valeu pelo feedback!

  3. Rocque Moraes
    01/02/2023

    Não conhecia, to curtindo muito, obrigado por compartilhar, agora a Dust é nossa tambem.

  4. 09/02/2023

    Legal, Rocque! Nós que agradecemos a leitura.

  5. João Quintans
    28/01/2024

    Duster é das minhas bandas preferidas de sempre, sou um português a morar agora no Brasil e fico contente que haja mais gente a ouvir e a espalhar a boa música que Duster sempre fez. Descobri duster pelo discogs há uns anos atrás e fiquei viciado no som deles, também nunca tinha prestado muita atenção a este género, mas o indie e o emo me trouxeram até a eles, é um amor para vida! A numero group fez um ótimo trabalho, comprei tudo eheh. Tenho também essa sensação, que é uma “banda minha”, mostrei a algumas pessoas, mas nem todas gostaram. Duster é como um grande abraço do seu melhor amigo, é um conforto!

    Gostei do artigo! Bom trabalho!

  6. 07/02/2024

    Gratos pela leitura, pelo retorno generoso e pelo relato bonito sobre a relação como o Duster.

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