Em meados da década de 70, parecia que o Krautrock ganharia cada vez mais espaço na mídia. Fora das fronteiras da Alemanha, o Kraftwerk se tornava mais popular a cada álbum, influenciando uma geração de novos artistas, que iria desembocar no surgimento do Synth-Pop; e entusiasmando os velhos, como David Bowie, Iggy Pop e Brian Eno. A trilogia de Berlim (Low, Lodger e Heroes), gravada por Bowie na Alemanha, mostra o camaleão utilizando de forma efusiva sintetizadores em sua música.
A apresentação do Can no programa Top of The Pops, da BBC inglesa, em agosto de 1976, com a canção “I Want More”, sinalizava uma possível “ascensão” da música feita na Alemanha àquela época. . Antes do Can, nenhuma outra banda do estilo havia se apresentado no programa britânico, nenhuma outra voltaria lá depois deles. O também Neu! fazia parte dos principais grupos representantes do Krautrock, que pretendia descontruir os convencionalismos da música pop.
O Krautrock provocou mudanças profundas na música pop, foi o responsável pelo surgimento da música eletrônica em todas as suas vertentes.
Há, no entanto, uma herança deixada pelo Krautrock que é pouco comentada, mas que tem sido utilizada em várias canções de artistas diversos ao longo das décadas, a batida Motorik, uma denominação cujas origens não são precisas, mas que a sonoridade ou o ritmo são facilmente identificáveis. O termo é uma junção das palavras motor e música (em alemão, motor e musik). É uma batida 4/4, repetitiva, com pouca ou nenhuma variação, mas que dá a sensação de movimento, como um carro ou um trem em alta velocidade. A batida tem uma marcação repetitiva, quase como um metrônomo, lembrando até uma bateria eletrônica.
Há quase um consenso de que Klaus Dinger (1946-2008), baterista e fundador do Neu! foi o responsável pela criação e disseminação da batida, já que ela está presente em várias canções da banda.
Faixas como “Hallogallo”, do álbum de 1972, “Isi”, “Hero” e “E-Musik”, do álbum de 1975, são comumente citadas ao falar do estilo de Dinger e de uma amostra da batida Motorik. Dinger também tocou com o Kraftwerk entre 1970 e 1971. A faixa “Ruckzuck”, do álbum de 1970, é considerada uma das precursoras da batida Motorik, assim como “Mother Sky”, faixa de 1970 do Can.
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Brian Eno certa ver afirmou que “Houve três grandes batidas nos anos 70: o Afrobeat de Fela Kuti, o Funk de James Brown e a batida do Neu! de Klaus Dinger”.
Dinger preferia chamar sua batida de Apache beat. Em uma entrevista de 1998, ele procurou defini-la: “Isso soa mais como uma máquina e foi uma batida humana. É essencialmente sobre a vida, como você tem que seguir em frente, seguir em frente e permanecer em movimento”. (DOCUMENTÁRIO SOBRE ELE, AO FINAL DO TEXTO)
Listamos abaixo algumas das várias canções, com link, que utilizam a batida popularizada por Dinger, como forma de aprofundamento e melhor entendimento do que é a batida Motorik ou Motorik Beat. (MAIS ABAIXO TEM UMA PLAYLIST)
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- Kraftwerk – Ruckzuck
- Neu – Hallogallo
- Can – Mothersky
- Harmonia – Dino
- David Bowie – Red Sails
- Iggy Pop – Funtime
- Human League – Seconds
- Ultravox – Dancing With Tears In My Eyes
- The Modern Lovers – Roadrunner
- The Fall – Touch Sensitive
- Stereolab – Super Electric / Crest
- Primal Scream – Shoot Speed / Kill Lights
- The Horrors – Sea Within Sea
- The American Analog Set – Like Foxes Through Fences
- Toy – Fall Out of Love
- Wild Nothing – Ride
- Six By Seven – Untitled
- Death Cab for Cutie – Doors Unlocked and Open
- LCD Soundsystem – Big Ideas
- Mogwai – Mexican Grand Prix
- King Gizzard & The Lizard Wizard – Rattlesnake
- Fujiya & Miyagi – Knickerbocker
- Queens of the Stone Age – Regular John
- Peter Bjorn and John – I Know You Don’t Love Me
- Wilco – Spiders (Kidsmoke)
- Sonic Youth – New Hampshire
Texto sensacional. A playlist também ficou top, parabéns! Uma banda nova que também é adepta do motorik é o The war no drugs!
Opa! Obrigado, Daniel. Vamos conferir o War On Drugs então. Conhecemos muito pouco da banda. Valeu!